*Lucas Freire é psicólogo especialista em bem-estar
Conteúdo fácil, rápido, fútil, repleto de gatilhos que estimulam consumo e mostram um padrão de vida difícil de alcançar para a maioria das pessoas. E mais: recebido passivamente o dia inteiro. Você sabe exatamente a que estou me referindo, certo? Pois a vida essencialmente digital, pautada pela superficialidade, contribui não somente para o adoecimento emocional, como para o que chamamos de “apodrecimento do cérebro”.
O “brain rot” é definido pela deterioração do estado mental ou intelectual de uma pessoa exposta a conteúdos extremamente dinâmicos e de baixa qualidade. Segundo especialistas da Universidade de Oxford, o uso dessa expressão teve um aumento de 230% entre 2023 e 2024. Em 2025, convido os pais a criar mecanismos para que esse termo caia em desuso.
Na infância, os aspectos cognitivos e emocionais estão em uma espécie de “fase de treinamento” para que desempenhem tarefas mais complexas na idade adulta. A exposição constante às telas traz grandes possibilidades de acarretar o “brain rot”, que pode inibir as habilidades imprescindíveis para a interação futura nos quesitos acadêmicos, profissionais e, até mesmo, sociais.
Entre as consequências do uso excessivo de dispositivos eletrônicos está o comprometimento da capacidade de planejamento, organização, resolução de problemas, tomadas de decisão e preservação da memória. Isso porque a quantidade e rapidez da informação digital alteram o circuito de recompensas do cérebro e geram uma busca constante por estímulos rápidos e imediatos. Assim, a criança perde motivação para buscar novas experiências e estabelecer conexões reais.
Para evitar o desenvolvimento do “brain rot”, é necessário que pais administrem o tempo que a criança gasta navegando, rolando mídias sociais, assistindo a vídeos e jogando, principalm<CW40>ente antes de dormir.
Os responsáveis também devem ficar atentos ao que o algoritmo entrega para os pequenos, como conteúdos negativos e propagandas de uma vida inalcançável, para que não estimule sensações de ansiedade, autoimagem deturpada ou até mesmo raiva.
Mas por onde começar? Comece por você! Deixe as telas de lado e vá experenciar a vida com as crianças! Estimular o brincar livre é uma das principais ações que devem estar na lista de prioridades, pois gera o incentivo à interação social e desenvolve grande parte das habilidades necessárias para o futuro.
<CW49>Na primeira infância, o cérebro está em rápido desenvolvimento, e as conexões neurológicas são moldadas pela interação com o mundo físico. O uso de telas nessa fase pode atrasar e prejudicar muito essa dinâmica.
Meu convite em 2025 é para que a sociedade assuma o compromisso em prol da construção saudável do desenvolvimento emocional, cognitivo e social das crianças, para que o termo “brain rot” fique no passado.