Saulo Penaforte é jornalista
Belo Horizonte sempre foi sinônimo de boa comida e hospitalidade. A capital mineira consolidou sua fama como a cidade dos botecos, com seus milhares de bares espalhados por cada esquina. Mas, nos últimos anos, algo diferente vem acontecendo: um movimento de sofisticação e inovação vem transformando a cena gastronômica da cidade. Restaurantes autorais, chefs premiados e experiências inéditas colocam BH no radar da alta gastronomia nacional. Estaríamos vivendo um novo ciclo de ouro?
Nos anos 2000, BH experimentou um boom com a valorização da cozinha mineira e de seus bares. Entretanto, o cenário atual apresenta um diferencial marcante: a diversidade e a profissionalização do setor. Hoje, a cidade abriga desde restaurantes com menus-degustação que rivalizam com os de grandes capitais internacionais até projetos inovadores focados em culinária de fusão, comida de rua gourmet e releituras sofisticadas da tradição mineira.
Os números refletem essa ascensão. De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o setor teve um crescimento expressivo no faturamento nos últimos três anos. Esse avanço é impulsionado pelo turismo gastronômico e pelo apetite do belo-horizontino por novas experiências. Além disso, a cidade viu chefs locais ganhando notoriedade nacional e internacional, com premiações em rankings como o 50 Best Latin America e o Prêmio Melhores do Ano da “Veja Comer & Beber”.
Segundo especialistas, três fatores explicam essa revolução. O primeiro é a valorização da gastronomia como experiência. Em tempos em que o consumidor busca mais do que simplesmente uma refeição, os restaurantes investem em ambientação, storytelling e exclusividade. O segundo fator é o fortalecimento da cozinha mineira. Ingredientes regionais ganham interpretações refinadas e atraem olhares de fora. Por fim, há o aumento do turismo gastronômico, impulsionado por eventos que elevam a visibilidade da cena local.
Mas nem tudo são facilidades. O setor enfrenta desafios como a alta dos insumos, a complexidade tributária e a falta de mão de obra especializada. Além disso, a sustentabilidade tornou-se uma pauta urgente, pressionando restaurantes a adotar práticas mais responsáveis, como o uso de ingredientes orgânicos, redução de desperdício e novas formas de embalagens.
Ainda assim, o que se vê em Belo Horizonte é um setor vibrante, em plena expansão e com ambições elevadas. Se este é um novo ciclo de ouro da gastronomia belo-horizontina, o tempo dirá. Mas, ao que tudo indica, a capital mineira está mais saborosa do que nunca – e pronta para conquistar o paladar do Brasil e do mundo.