Otacílio Costa é presidente do PSB Minas e prefeito de Conceição do Mato Dentro

A política, muitas vezes, insiste em olhar o Brasil de cima para baixo. Mas a vida real começa no chão da cidade. É ali que a saúde pública é testada todos os dias. É na cidade que a educação começa com o nome da professora da creche. É na cidade que as pessoas se sentem protegidas – ou desamparadas. Por isso, pensar em desenvolvimento sem passar pelos municípios é um erro antigo, e cada vez mais caro.

O que é prioridade para quem está na ponta, muitas vezes, é estatística para quem está distante. As cidades têm pressa. E aí o que chega – quando chega – já não resolve. O cidadão não espera. A luz da rua, o remédio do posto, o transporte escolar, tudo é para ontem. Não há tempo para teses longas. A boa política é aquela que resolve.

Decisões na esfera federal

O Brasil, no entanto, ainda concentra decisões e recursos onde a realidade é mais distante: na esfera federal, nos grandes centros, nos gabinetes. Quando isso acontece, o que chega às cidades é pouco – e chega tarde.

O fortalecimento dos municípios não é pauta corporativa. É a base para qualquer projeto sério de país. E isso passa por uma mudança de mentalidade: entender que prefeito não é só executor. É articulador, formulador, ouvidor de cada necessidade da ponta. E, muitas vezes, é ele quem traduz o que o Estado e a União não conseguem escutar.

O PSB de Minas, por sua história e vocação, tem buscado se reconectar com essa visão. Prefeitos de diferentes regiões, parlamentares de trajetórias distintas, lideranças comunitárias e técnicas começaram a construir algo maior: um caminho comum que parte do local para repensar o todo. Sem vaidades. Sem imposições. Com escuta, disposição e responsabilidade.

Ouvir os municípios

Esse é um sinal de maturidade política. E também de urgência. As cidades ensinam que não há tempo para grandes promessas. Há tempo, sim, para grandes pactos. Pactos pela saúde básica, pela educação pública de qualidade, pela infraestrutura que integra, pela cultura que transforma, pela dignidade que começa no território.

Por isso, quando pensamos em 2026 ou em qualquer outro ciclo político, o que deve nos guiar é a capacidade de ouvir os municípios – e partir deles. Porque é nas cidades que as coisas acontecem. É nelas que tudo começa. E se não começa por elas, não começa de verdade. É hora de devolver às cidades o lugar que sempre foi delas: o centro da transformação.