Emerson Andrada é Coordenador-geral do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores da Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro)
O Seminário Popular Contra a Privatização da Cemig e Copasa – “Água e Energia São do Povo!” reafirmou, de forma clara, que água e energia são direitos essenciais, pilares da vida e do desenvolvimento do Estado, e não mercadorias para enriquecimento de um pequeno grupo. Enquanto a lógica privatista privilegia lucros de empresários, a gestão pública garante acesso universal, qualidade e planejamento estratégico.
No Brasil, experiências recentes mostram que a privatização desses setores eleva tarifas, precariza serviços e compromete a universalização. A Sabesp, empresa de saneamento em São Paulo, é um exemplo concreto: a entrega à iniciativa privada aumentou preços e reduziu transparência, colocando em risco o abastecimento de milhares de pessoas.
Em Minas Gerais, com a Cemig e a Copasa, estatais lucrativas e eficientes, precisamos resistir à lógica neoliberal que prioriza pagamento de lucros aos acionistas sobre a preservação de vidas. Os ganhos gerados nas nossas estatais beneficiam milhões de mineiros com bons serviços prestados e investimentos sociais na casa dos bilhões.
No seminário, especialistas reforçaram que energia e água são setores estratégicos, monopólios naturais do Estado, essenciais para qualquer desenvolvimento sustentável. Sem energia, não há água; sem água, não há vida; sem serviços públicos fortes, não há soberania.
Por isso, mesmo países liberais, como a França, mantêm políticas de soberania nesses setores. Recentemente, o governo francês reestatizou a empresa de energia Électricité de France (EDF), recuperando 99,9% da propriedade do Estado francês. O governo já tinha 84% e decidiu recomprar o restante das ações para retomar o controle total da empresa e garantir projetos de soberania energética.
O debate ampliado reforçou que a defesa do setor público não é ideológica: é prática, é sobre garantir que o Estado gere riquezas para todos, e não apenas para um pequeno grupo de acionistas. Empresas públicas bem-geridas permitem investimentos em educação, saúde e infraestrutura, fortalecendo a economia local e protegendo a população. A Cemig, por exemplo, referência no setor energético global, é internacionalmente premiada por seus compromissos com inovação, qualidade e responsabilidade social.
A luta contra a chamada PEC do Cala a Boca (24/2023), que busca autorizar a venda das estatais sem referendo popular, mostra a força da sociedade organizada e a necessidade de vigilância constante. O lucro privilegia poucos e prejudica todos.
Minas Gerais tem mostrado que a vida, a justiça social e o desenvolvimento do Estado são maiores que o interesse do mercado. O setor público é capaz, eficiente e estratégico e deve ser defendido como patrimônio do povo.