Christiane Azevedo Barro é auditora-fiscal do trabalho

Ao longo da minha trajetória como auditora-fiscal do trabalho, tenho testemunhado histórias que mudaram completamente o rumo da vida de jovens graças a uma oportunidade: a aprendizagem. Não se trata apenas de uma exigência prevista na legislação, mas de uma política pública robusta, capaz de combater o trabalho infantil e, ao mesmo tempo, abrir portas para a cidadania e para o desenvolvimento profissional.

No último dia 19 de agosto, foi realizado, em Belo Horizonte, o Dia A da Aprendizagem, iniciativa que integrou a Semana Nacional da Aprendizagem. Foi um momento de diálogo franco e construtivo com empresas que ainda não cumprem integralmente a cota legal de aprendizes. Mais que cobrar, nosso papel é mostrar os caminhos e derrubar preconceitos, apresentando exemplos reais de como a inserção de adolescentes e jovens no mercado de trabalho pode ser positiva para todos.

Números em Minas e no Brasil

Os números reforçam a importância desse trabalho. Em Minas Gerais, por exemplo, 15.281 aprendizes foram inseridos em 2024 por meio de ações fiscais. Até julho de 2025, já são 13.875 jovens incluídos. No Brasil, os resultados também impressionam: 116.984 inserções em 2024 e 110.129 apenas nos primeiros sete meses deste ano. Esses dados não são estatísticas frias; cada número representa um jovem que deixou para trás a incerteza e então passou a construir um futuro com mais dignidade.

Como filiada da Delegacia Sindical em Minas Gerais do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho (DS-MG/Sinait) e coordenadora do projeto de inserção de aprendizes na Superintendência Regional do Trabalho em Minas Gerais, acredito que a aprendizagem é uma das ferramentas mais eficazes para promover inclusão, reduzir desigualdades e preparar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres. É um investimento que retorna em forma de mão de obra qualificada, empresas mais comprometidas e uma sociedade mais justa.

Talendo e futuro

Aos empresários, o meu convite é claro: olhem para além do cumprimento da lei. Vejam na aprendizagem uma oportunidade de transformação – para os jovens, para suas famílias e também para o próprio país. Abrir uma porta pode mudar uma vida. E modificar vidas é, sem dúvida, o trabalho mais nobre que nós podemos realizar.

Encerrar a juventude diante do desemprego ou do subemprego é desperdiçar talento e futuro. A aprendizagem deve ser tratada como prioridade nacional, com engajamento do poder público, do setor privado e da sociedade civil. Quanto mais nos unirmos para oferecer oportunidades reais, mais construiremos um país que valoriza o potencial de seus jovens transformando desafios em conquistas.

(*) Filiada da Delegacia Sindical em Minas Gerais do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho (DS-MG/SINAIT)