A relação entre o diabetes e as doenças cardiovasculares é uma das mais perigosas e subestimadas. Embora o diabetes seja frequentemente associado a problemas como perda de visão, doenças renais e amputações, a principal causa de morte entre os pacientes diabéticos são complicações cardiovasculares, como infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Segundo a Associação Americana de Diabetes e a Universidade de Chester, na Inglaterra, dois em cada três diabéticos morrem em decorrência desses problemas. No Brasil, onde cerca de 13 milhões de pessoas têm a doença, o risco de um paciente com diabetes ter um infarto pode ser de duas a quatro vezes maior do que o de uma pessoa sem a condição.
A alta concentração de glicose no sangue, combinada à ação inadequada da insulina, promove uma inflamação que degenera os vasos e favorece o acúmulo de placas de gordura nas artérias. Essa condição, conhecida como “aterosclerose”, pode levar ao entupimento dos vasos, resultando em infarto ou AVC caso o acometimento seja das artérias cerebrais. Sem mencionar que o excesso de glicose é tóxico para as células cardíacas, podendo causar insuficiência cardíaca e arritmias, como a fibrilação atrial e, novamente, o elevado risco de AVC.
Um dos maiores desafios é que os sintomas de um infarto em diabéticos podem ser atípicos ou até mesmo ausentes devido a um comprometimento do sistema nervoso, dificultando o diagnóstico e o tratamento. Diante desse cenário, a prevenção é crucial.
A base do controle do diabetes e da proteção cardiovascular reside no protagonismo do paciente em seu tratamento. Logo, o empoderamento por meio da educação e do autocuidado do paciente, utilizando todas as informações e tecnologias disponíveis, é insubstituível. Hoje as opções de tratamento com drogas para baixar a glicose e os tipos de insulina ampliaram as possibilidades de um controle adequado, além da monitorização contínua da glicose com as novas tecnologias. O paciente precisa entender a sua condição e participar do seu cuidado; isso tem se mostrado muito mais eficaz do que somente o acompanhamento em consultas médicas.
Apesar do alerta direcionado à relação entre doenças cardiovasculares e diabetes, é preciso cuidar da saúde como um todo, optando todos os dias por escolhas mais saudáveis, como alimentação equilibrada, atividade física regular, gerenciamento do estresse – quando possível – e controle rigoroso da medicação. Além disso, deve-se monitorar a pressão arterial e o colesterol, cujo nível ideal em pacientes com diabetes deve ser mantido abaixo de 70 mg/dL, de acordo com as diretrizes estabelecidas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.
O tratamento deve ser uma jornada colaborativa entre o paciente e uma equipe de saúde, incluindo endocrinologista, nutricionista, cardiologista e educador físico, para controlar a glicose e os demais fatores de risco, reduzindo significativamente o risco de complicações. A adesão ao tratamento medicamentoso e a realização de exames periódicos são pilares essenciais para evitar a progressão da doença e suas consequências mais severas. A conscientização sobre os riscos e o autocuidado são as ferramentas mais poderosas para que o paciente se torne um agente ativo na prevenção e preservação de sua saúde.