Por maior que seja a nossa imaginação, nenhum de nós poderia esperar que o presidente dos Estados Unidos da América – a maior potência do mundo – chegaria, em relação a vários países, mas, sobretudo, em relação ao nosso sofrido Brasil, ao ponto a que chegou. A tarifa de 50% provocará uma desordem em nossa economia.

As medidas até agora tomadas por Trump contra o Brasil me trazem à lembrança os celerados dos filmes de faroeste. Imagine o que aconteceria a um presidente brasileiro que apenas sonhasse exigir, para a manutenção das suas relações comerciais com os EUA, que a Suprema Corte (de lá) absolvesse um americano que estivesse sendo julgado (lá) por qualquer crime. E que, se assim não procedesse, a tarifa imposta ao parceiro comercial há 200 anos seria, além de injusta, fora do usual, senão ilegal. Coitados dos brasileiros!

É preciso dizer, para ficar ainda mais claro, que a motivação da taxa de 50% ao Brasil é exclusivamente política, ou seja, está atrelada à imediata absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, segundo disse à imprensa internacional o próprio presidente Trump, não é seu amigo, mas “é um homem honesto” que, no momento, está sendo submetido, em seu país, a uma incrível e verdadeira “caça às bruxas”. E que tomem o rumo das calendas gregas quaisquer prejuízos que possam acontecer a nós ou aos norte-americanos, que, infelizmente, ainda não acordaram.

O triste, todavia, é que o Donald Trump de hoje, presidente dos Estados Unidos pela segunda vez e que briga e caça passaportes de ministros do nosso Supremo Tribunal Federal (STF) e de suas famílias, é o mesmo que apareceu nas capas de vários jornais norte-americanos ao lado de Jeffrey Epstein, condenado por pedofilia e cuja misteriosa morte se deu na cadeia durante o primeiro governo do americano. 

Mas deixemos de lado tudo isso para nos concentrar em algo que de fato interessa não só aos brasileiros, mas igualmente aos norte-americanos, que são os consumidores do que exportamos para o seu país e, por isso, também sofrerão com a “sanção tarifária” imposta pelo presidente Trump. Que ocorrerá, enfim, a nós e a eles depois do dia 1º de agosto? De que maneira se deve comportar o nosso governo?

Da parte dos empresários norte-americanos, que ainda estão sonolentos diante do que lhes fez o seu presidente, já há, salvo engano, uma primeira manifestação na Justiça contra a tarifa de 50%. A autora da ação é uma distribuidora de suco de laranja, Johanna Foods Inc. Ela alega, em rápido resumo, que os motivos utilizados por Trump para o aumento da tarifa, incluindo o apoio ao ex-presidente Bolsonaro, não configuram “ameaças incomuns e extraordinárias que lhes concedam autoridade para contornar o poder de taxação do Congresso”.

Da parte do governo brasileiro, o caminho é a busca permanente de um entendimento, visando a uma diminuição significativa da tarifa imposta por Trump. A tarefa não é simples. É bastante difícil, mas possível. A trégua, enfim, é a única saída para ambos os lados. E a esperança só morre no dia 31/7/2025.