Acílio Lara Resende

A nova postura do presidente veio para ficar até quando?

Constituição, presidencialismo de coalizão e jogo político


Publicado em 30 de julho de 2020 | 03:00
 
 
 
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Fomos colônia, depois vice-reino, reino, império e República. Sob a capa dessa última, vivenciamos algumas ditaduras. De República democrática mesmo passamos agora dos 30 anos, contados da Constituição de 1988 para cá. Que acontecerá à “jovem senhora” sob o domínio de Bolsonaro & Filhos, que, até onde se vê, vão optando por um “presidencialismo de coalizão”?

É possível que, na República democrática instalada a partir da “Constituição Cidadã” de 1988, entremos agora em período semelhante ao do “Lulinha, paz e amor”. Instala-se – percebe-se por meio do novo comportamento do presidente – a fase “Jairzinho, paz e amor”.

Não é à toa que o novo titular do recém-recriado Ministério das Comunicações, Fábio Faria, filiado hoje ao Partido Social Democrático (PSD), comandado por Gilberto Kassab, há pouco mais de 30 dias à frente da pasta, disse que a “nova postura do presidente” (“Jairzinho, paz e amor”) veio para ficar. Disse isso depois de afirmar que não há “gabinete do ódio”. Opôs-se a essa invenção dizendo que, se “no Palácio do Planalto há um gabinete do ódio, existem 513 na Câmara e 81 no Senado”, referindo-se ao número de deputados federais e senadores.

Faria, 43, é um admirador de Carlos Bolsonaro. Considera-o “um grande ativo” do pai e presidente, Jair Bolsonaro. Nasceu no Rio Grande do Norte, por onde é, hoje, pela quarta vez, deputado federal (licenciado). É filho de Robson Faria, ex-governador do seu Estado. Graduado em administração de empresa, é casado com Patrícia Abravanel, apresentadora de televisão e filha de Silvio Santos. Chegou à Camara Federal antes de completar 30 anos. Conforme afirmou há dias, “as pessoas elegeram a pauta conservadora liberal, e o Bolsonaro tem o direito de apresentá-la e implementá-la”, tá ok?

O novo ministro não explicou direito que “pauta conservadora e liberal” é essa que o presidente (ainda!) quer apresentar ao país e, por direito seu, quer implementar. Passou-se mais de ano e meio, e ninguém sabe o que pretende um presidente que só conseguiu existir através dos descalabros diários ditos nas entrevistas concedidas na portaria do Palácio da Alvorada, que ganhou o nome de “cercadinho”. É do ministro esta avaliação: “Acho que aquele cercadinho funcionando diariamente é ruim para o país, para o presidente e para a imprensa”.

Não se sabe se o novo ministro já disse isso ao seu chefe, cuja vocação para o confronto e autoritarismo é incontrolável. Não se sabe, por outro lado, se ele conseguirá desfazer o malfeito até agora. Tudo indica que está disposto a iniciar um novo jogo político, que, com a saída de MDB e DEM do “grande centrão”, poderá significar para o presidente Bolsonaro, simplesmente, o “fim de uma noite de verão”.

Aguardemos até o anoitecer!

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