O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, em entrevista recente, mostrou-se ainda preocupado com o quadro fiscal do país. Segundo ele, o governo do presidente Bolsonaro pode chegar ao fim do seu mandato, em 2022, no vermelho: “Isso só não acontecerá, disse, se houver surpresas na arrecadação”. Assim, a promessa do ministro da Economia, Paulo Guedes – que declarou, repetidamente, que pretendia zerar o déficit ainda em 2019 –, cai por terra.
Apesar do otimismo ou, agora, do realismo dos dois economistas e de tudo de ruim que aconteceu na semana passada, interna e externamente, alguns analistas, na última sexta-feira, foram unânimes em afirmar que, finalmente, surgiu no horizonte um pequeno sinal de alívio na economia, que no segundo trimestre avançou 0,4%. A construção civil foi a responsável pelo feito. Foram afastados os riscos de recessão técnica (quando a atividade econômica encolhe por dois semestres consecutivos). Segundo esses analistas, o país poderá terminar 2019 com um crescimento de 1%.
Se o presidente Jair Bolsonaro permitir que, na área econômica, os seus assessores trabalhem, ajudados, principalmente, pelo Congresso Nacional –, cuja maior parte, ao que parece, está mesmo determinada a assumir papel importante na história deste país –, a partir de 2020, quem sabe, depois das principais reformas implantadas (previdência, tributária etc.), é bem possível que o país volte a respirar.
Não é fácil ao leigo entender o que acontece na economia do Brasil. Ele, o leigo, como eu e você, leitor, apenas sofremos as consequências danosas de políticas desastrosas e cruéis, que empobreceram mais ainda os que nada têm, que constituem a maioria da nação brasileira. Por isso, é preciso que fique claro que a salvação da lavoura não está na reforma da Previdência nem em qualquer outra reforma, de maneira isolada.
As reformas econômicas, no seu conjunto, aliadas à reforma político-partidária e à construção de um novo pacto federativo, poderão despertar, nos empreendedores internos e externos, a confiança de que necessitam para empreender. A surpresa na arrecadação, como deixou explícito nas entrelinhas o secretário do Tesouro é o que vai decidir para onde vai o país.
A questão, ou o busílis, como queira, a partir de 2020, ano de eleições municipais, poderá ser a política. É nessa seara que o presidente Jair Bolsonaro, mesmo ungido por Edir Macedo, poderá ainda tropeçar muito, correndo o risco de voltar muitos passos para trás.
Enquanto age a equipe econômica do governo, rezemos para que surjam lideranças capazes de mostrar que a polarização política tem força para destruir até mesmo “um país tropical abençoado por Deus”.