Afinal, aconteceu o que todos esperavam: o Cruzeiro foi rebaixado para a Segunda Divisão. Só um tonto alimentou esperança no que jamais aconteceria: a recuperação do time no último momento, quando a balbúrdia entre diretoria, jogadores e técnico tornou-se pública. Compreende-se a choradeira da torcida, mas o que não se pode jamais compreender é o vandalismo de alguns “torcedores”. As causas estão à vista de qualquer um. E estão ligadas, também, à corrupção no futebol.

Leitor amigo, porém, me distanciou do futebol. Disse-me que cometi algumas lacunas no artigo da semana passada. Atento, ouvi a crítica como se fosse um elogio e analisei comigo mesmo: “Fui salvo, foram só algumas lacunas”. Mas ele continuou: “Você não se referiu, por exemplo, ao ‘estágio’ que o ministro da Economia, Paulo Guedes, fez no Chile, como professor de uma universidade sob intervenção da ditadura Pinochet”. E, de dedo em riste, sentenciou: “Isso, sim, o compromete!”

Meu amigo se equivocou ou, então, se esqueceu: no artigo anterior a que ele se refere, escrevi o seguinte: “Paulo Guedes trabalhou também no Chile, durante a ditadura de Pinochet (e isso pode não significar coisa alguma), e pensou em adotar aqui o modelo de Previdência por capitalização – a maior causa da crise chilena. Graças ao Congresso, a ideia foi afinal arquivada”. Aliás, o ministro não desistiu da ideia e, em entrevista à imprensa, a reafirmou na semana passada.

E, de brincadeira, o leitor amigo completou: “Acho que você já está se aproximando das ideias ou dos ideais do capitão”. Peço licença ao próprio, mas a chance de acontecer o que disse meu amigo é nenhuma. Desejar que o presidente Bolsonaro cumpra sua “missão” nada tem a ver com aprovar suas ideias malucas ou seu estilo de governar o país. Que suas ideias e seu estilo passem depressa (pelo menos para mim, que já estou indo…), mas que seu governo acerte na economia, obviamente sem jogar a conta nas costas do sofrido povo.

O que o presidente tem feito contra órgãos ligados à cultura e aos direitos humanos é uma tragédia. Segundo o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, que preside a Comissão Arns, “em termos de violações de direitos humanos, no caso ambiental, por exemplo, é uma barbaridade; o campo da cultura; da manifestação de pensamento através da imprensa; tudo isso foi atingido pela ação do governo”.

Providências recentes tomadas pelo presidente, como, entre outras, a suspensão da “Folha de S.Paulo” da publicação de editais do governo ou a ameaça (agora debelada pela ida do vice) do seu não comparecimento à posse do novo presidente da Argentina, Alberto Fernández, são patéticas. Essas maluquices pesarão nas eleições de 2022. E Moro que se cuide! Seu prestígio dói no cotovelo de alguém.