Acílio Lara Resende

‘Me esqueça, já tem outro governando o país’

O apelo do ex-presidente Jair Bolsonaro

Por Acílio Lara Resende
Publicado em 15 de fevereiro de 2024 | 08:00
 
 
 
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Apesar do pedido que o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro fez à jornalista Mônica Bergamo, da “Folha de S. Paulo”, que aproveitei para dar título a estas linhas – pedido, aliás, sem qualquer originalidade, pois que repete o mesmo que foi feito pelo general João Baptista de Figueiredo, último dos ditadores de plantão, e já nos estertores da ditadura militar, de triste memória –, pelo menos no que me diz respeito, jamais será atendido.

Há, porém, uma semelhança entre os dois suplicantes: ambos sonharam com a continuidade no poder e deixaram pelas portas dos fundos o palácio de que foram hóspedes.

João Baptista de Figueiredo terá para sempre o seu triste lugar cativo em nossa história, mas Jair Messias Bolsonaro está certo de que ainda conta, para entrar como herói em nossa história, com um pelotão de brasileiros, cada vez menor. Grupo que se deixou enganar por quem, desde sua posse, não pensou noutra coisa senão, num só golpe, botar abaixo as nossas instituições democráticas, escudado, obviamente, no “seu Exército” e “no seu gabinete paralelo de informações”. Não deu posse ao seu sucessor, retirou-se do país, mas com a certeza de que voltaria nos braços do povo (a mesma certeza que teve Jânio Quadros).

Todavia, a grossura e a incompetência, “qualidades” que mais demonstrou nos incríveis quatro anos que, infelizmente, esteve à frente da Presidência da República, fez do ex-presidente um verdadeiro sonâmbulo, que perambula por aí – já não tanto quanto antes. Sempre na certeza de que continua o mesmo herói nacional, tão ovacionado por aqueles que, nas portas de quartéis militares, suplicavam, incansavelmente, não só a sua permanência no governo “per ominia saecula saeculorum”, mas, de fato, por toda a eternidade.

Finalmente, a “Operação Tempus Veritatis”, da Polícia Federal, em vídeo gravado no dia 5 de julho de 2022, pôs à mostra, como um nervo exposto, não só a verdade, mas o que tanto buscou o ex-tenente Jair Messias Bolsonaro (último posto por ele ocupado na ativa), durante os seus quatro anos de governo.

Como presidente, como vereador ou deputado federal, e por meio dos frequentes elogios à ditadura militar, à tortura e a torturadores, e de contaminar alguns oficiais superiores das nossas Forças Armadas, o ex-presidente buscou, inúmeras vezes, e incansavelmente, não só desmoralizar os Poderes Judiciário e Legislativo, mas, enfim, atentar contra nosso bem supremo: a liberdade. Se tivesse tido sucesso, teria levado o país à bancarrota.

Depois dos riscos que correu o país – o de ter, uma vez mais, um ditador à frente dos seus destinos –, cabe ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eleito três vezes presidente da República, não apenas governar para todos os brasileiros, mas trabalhar, com afinco, em favor da consolidação cada vez maior da nossa incipiente democracia. E isso só se obterá com a união dos brasileiros e a prática da boa política.

É este o meu sonho, que continuarei sonhando.

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