Opinião

A maior crise no transporte coletivo

Já são mais de R$ 17 bilhões de déficit com bilheteria

Por Roberta Marchesi
Publicado em 12 de março de 2021 | 03:00
 
 
 
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O mundo vive sua maior crise sanitária com a pandemia do novo coronavírus, que atingiu todos os continentes. Já são mais de 117 milhões de casos e 2,6 milhões de mortes. No Brasil já perdemos mais de 265 mil vidas ao longo deste um ano de pandemia.

Uma calamidade mundial que exigiu a adoção de medidas que estão transformando a vida das pessoas e das cidades. O convívio social e as atividades econômicas foram ajustados no início da crise, com empresas e escolas em atividades remotas, e o comércio funcionando em horário reduzido. Agora, um ano depois, estamos enfrentando a segunda onda de contaminação, e as restrições voltaram a ser intensificadas, enquanto o governo corre contra o tempo para imunizar a população.

O coronavírus impactou a vida das pessoas, a sociedade e os setores econômicos como o transporte, que passa por sua maior crise após a redução drástica de demanda. O setor chegou a operar com 15% dos passageiros que costumavam movimentar-se antes da pandemia, e, hoje, o patamar está em torno de 50% da demanda. Já são mais de R$ 17 bilhões de déficit com bilheteria, sendo mais de R$ 8 bilhões nos sistemas sobre trilhos.

Mesmo diante desse déficit, os transportadores mantiveram os níveis operacionais e intensificaram a limpeza de estações e trens, usando tecnologias e produtos de desinfecção; reforçaram o treinamento de equipes de atendimento; e ampliaram as campanhas de orientação e conscientização dos passageiros. Para se manter e conseguir adquirir os insumos essenciais, os operadores metroferroviários postergaram pagamentos e renegociaram dívidas. O tempo está passando, a situação agravando-se, e, em breve, essa conta será cobrada, e não haverá recursos para honrar os compromissos.

Alarmados com a crise no transporte e a iminência de paralisação, o setor continua sua árdua jornada de reuniões com os governos federal e estaduais em busca de recursos financeiros para manter a operação. Mas, infelizmente, até o momento não houve suporte governamental para o serviço essencial de transporte, diferentemente do que ocorreu com outros setores, que já foram socorridos.

A situação é crítica, e a paralisação das operações prejudicará os trabalhadores que saem diariamente de suas casas para manter os serviços essenciais. Para essas pessoas não existe trabalho remoto, e elas se deslocam para que os demais setores possam conservar suas atividades de casa.

Essa crise deve perdurar, e, para que não haja a falência do transporte, é necessária a reestruturação do setor com planejamento de longo prazo, eliminação de sobreposição de linhas, novos instrumentos de financiamento do transporte, garantias para crises, entre outras medidas essenciais para dotar o Brasil de uma rede de transporte estruturada e integrada.

As medidas existem e estão à disposição dos governantes, mas é preciso que eles ajam com celeridade e comprometimento, pois, caso contrário, a população pagará pela ineficiente da gestão pública.

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