Opinião

A OMS e a epidemia

Falhas da instituição no combate ao coronavírus

Por Luiz Antônio Paulino
Publicado em 27 de abril de 2020 | 03:00
 
 
 
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A atual epidemia produzida pelo novo coronavírus, a Covid-19, trouxe à mostra uma realidade lamentável; a falta absoluta de competência da Organização Mundial de Saúde (OMS), e mais, que apesar dos inúmeros erros, nenhuma atitude foi tomada; o que surpreende e assusta.

Não temos como não criticar a China pela forma com que suas autoridades locais e regionais permitiram que a doença se alastrasse de forma tão descontrolada, apesar de ter sido reportada precocemente, de forma até dramática, por vários profissionais de saúde, que foram ignorados e punidos por tal ato.

A China não é obrigada a mostrar competência no seu sistema de saúde, mas a Organização Mundial de Saúde tem de ser competente. Analisando as atitudes da OMS na epidemia corrente verificamos erros sucessivos e precoces; inicialmente emitiu inúmeros comunicados tranquilizadores sobre a natureza da nova doença, sem que técnicos qualificados tivessem qualquer informação concreta sobre o assunto.

Baseados em informações falsas, os comunicados retardaram a adoção de qualquer atitude de cautela e prevenção que poderiam limitar a expansão da doença. Após inúmeras advertências e questionamentos a OMS enviou uma equipe à China, e mesmo após constatar vários casos graves, continuou com o discurso absurdo que não existia prova da transmissão da doença entre humanos, e que tudo estava sob controle. Só por esse erro uma atitude já deveria ter sido tomada.

Outros erros se seguiram, orientações completamente ilógicas foram veiculadas pelo seu diretor geral: que o uso de máscaras não ofereceria proteção – deveriam ser usadas apenas por profissionais de saúde; a recomendação de que não deveria haver isolamento ou quarentena em países pobres, colocação completamente inadequada.

Quanto às recomendações de tratamento ocorreram novamente deslizes importantes. No dia 23 de março de 2020 publicou um alerta sobre uso de drogas não testadas no tratamento da doença. Atitude de uma infelicidade extrema. O uso da cloroquina e da hidroxicloroquina em nenhum momento poderia ser questionado, posto que a droga já foi usada em epidemias anteriores de coronavírus; nada mais natural e oportuno de se verificar se poderia ser efetivo sobre o novo vírus. Não são medicamentos novos; tanto uma como outra já tem suas doses e efeitos colaterais conhecidos.

O mesmo se aplica à azitromicina. A recomendação se se usar apenas em casos graves foi mais absurda ainda; em pacientes graves drogas administradas por via oral não tem boa absorção. A chance de funcionar seria quase nula; desacreditaria uma droga sem chance de provar seu valor.

A OMS sempre teve uma reputação de competência e sua importância na coordenação e orientação aos países é enorme; seus erros recentes devem ser corrigidos sob pena de ficar desacreditada.

 

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