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Alta dos combustíveis trava a economia

A estabilidade no preço só é possível com o fim do monopólio

Por Marcelo Patrus
Publicado em 17 de março de 2022 | 03:00
 
 
 
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O mais recente reajuste nos preços dos combustíveis, anunciado pela Petrobras no dia 10.3, causou perplexidade. O Brasil é um país continental, cuja economia depende fortemente do transporte rodoviário. Cerca de 65% das cargas passam por rodovias por meio de caminhões. Quando o preço dos combustíveis sobe, toda a economia é pressionada e impactada. A alimentação fica mais cara, assim como o transporte, a saúde e a educação.

Uma alternativa para sair da dependência do petróleo poderia ser o investimento em frotas elétricas. Ocorre que o custo dessa opção é altíssimo, chegando a ser cinco vezes o valor de um veículo tradicional. A possibilidade torna-se, assim, inviável, pelo menos de imediato ou para uma solução urgente.

O aumento gera, ainda, a insatisfação generalizada tanto dos empresários da área de transporte quanto dos transportadores autônomos. É fato que a alavancada dos preços influencia diretamente toda a cadeia do setor. O custo com combustível representa um percentual muito alto, que pode chegar, até mesmo, a 60% sobre o faturamento.

A renovação de frotas – com circulação de caminhões novos nas rodovias, tecnologias mais robustas que geram mais segurança e menos impacto ao meio ambiente – está cada vez mais distante da realidade brasileira, diante dos constantes aumentos nos preços dos combustíveis. A consequência disso tudo é uma frota sucateada, com veículos velhos rodando de norte a sul do país, sem a devida manutenção. Até mesmo as estradas sofrem o impacto. Sabemos bem, veículos inadequados geram acidentes e perda de vidas.

Outro grande problema desses reajustes constantes é a criação de instabilidade na área comercial das empresas. Torna-se cada vez mais insustentável manter contratos com tamanha incerteza, sobretudo agora, com reajuste de quase 25% no óleo diesel. Infelizmente, a consequência inevitável é o repasse de preço aos clientes, para que as empresas consigam manter suas frotas, pagar os caminhoneiros e continuar realizando o transporte com qualidade e segurança.

Não há como sobreviver em um cenário de aumentos constantes nos preços dos combustíveis sem que as empresas de transporte trabalhem de forma muito enxuta. Diversas companhias farão cortes drásticos e diminuirão o número de funcionários para poder custear as despesas geradas pelo aumento do óleo diesel.

O Brasil precisa de uma política de preços de combustíveis que seja menos onerosa para as transportadoras, para os profissionais autônomos e para os brasileiros. A pandemia trouxe consequências sérias para as diversas empresas, que tiveram de fazer demissões. Com o novo reajuste, a lucratividade cai ainda mais, e um dos caminhos dolorosos é o enxugamento das equipes.

A estabilidade no preço dos combustíveis só é possível com o fim do monopólio da Petrobras. A privatização é fundamental para favorecermos a entrada de outras empresas no mercado, fomentando a livre concorrência e uma disputa saudável pelos consumidores de combustível no Brasil.

Neste momento, vários transportadores autônomos com caminhões já estão parados, pois não conseguem fazer manutenção e pagar pelo óleo diesel. O contexto, cada vez mais delicado, compromete o desenvolvimento do país. E a sociedade espera resposta.

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