Opinião

Amamentação em tempos de pandemia

Cuidados e benefícios para a saúde

Por Natália Sadi Motta
Publicado em 25 de maio de 2020 | 03:00
 
 
 
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A amamentação é fundamental para a saúde da mãe e do bebê, principalmente nos primeiros seis meses de vida, uma vez que a recomendação é alimentação exclusiva com leite materno. O aleitamento diminui o risco de desenvolvimento do câncer de mama, com uma estimativa de redução de cerca de 4,3% no risco de câncer para cada 12 meses de amamentação.

Amamentar proporciona uma interrupção nos ciclos ovulatórios, restringindo a exposição do tecido mamário ao estrogênio, hormônio que interfere no surgimento de algumas alterações que predispõem à doença.

Quanto maior o período sem ovular, menores serão os efeitos dos hormônios ovarianos sobre o tecido mamário, diminuindo o risco de tumor. Alguns estudos apontam que, quanto mais gestações e mais cedo ocorre a gravidez, maiores são os benefícios contra o câncer.

Apesar de o número de gestações ser um fator considerado protetor contra o câncer de mama, gestantes também podem desenvolver a doença. É importante lembrar que os fatores protetores não impedem o surgimento do câncer.

A amamentação é benéfica como prevenção contra o câncer de mama e estreita vínculo entre mãe e filho, desde as primeiras horas após o nascimento. Quem amamenta se recupera mais facilmente do parto, controla melhor o peso e proporciona um alimento completo.

O leite materno contém lactose, oligossacarídeos, gordura, hormônios esteroides, proteínas, anticorpos e minerais com função bacteriostática, imunológica, anti-inflamatória, digestiva e ainda auxilia no desenvolvimento neurológico. O leite é suficiente para suprir todas as necessidades nutricionais com importantes benefícios psicológicos.

Sabemos que o coronavírus é transmitido por via aérea e através de mucosas, porém ainda não há evidências que comprovem que o leite materno possa transmitir o vírus da mãe para bebê.

No caso das lactantes, os cuidados são os mesmos, uso de máscara cirúrgica durante o cuidado com o recém-nascido e amamentação. Higienização adequada, restrição de visitas e cuidados com a infecção por outros vírus, como o influenza, circulantes também são importantes.

O uso de medicações por parte da gestante e lactante deve ser sempre orientado pelo profissional de saúde e as gestantes devem sempre ser vacinadas contra influenza durante campanha de vacinação.

Após o período de amamentação exclusiva, ocorre a apresentação do bebê a uma alimentação variada, incluindo o leite materno até idades mais tardias, dependendo de cada caso. As fórmulas alimentares infantis são importantes e úteis em situações em que não é possível amamentar por questões maternas ou do próprio recém-nascido. Vale ressaltar que grande parte dessas fórmulas apresenta custo elevado e é inacessível para a maioria das brasileiras. Sempre que possível e não contraindicado, o leite materno deve ser a primeira opção na alimentação até seis meses de idade.

A falta de informações durante o pré-natal torna o ato de amamentar doloroso e ineficiente, provocando traumas mamilares conhecidos como fissuras, muitas vezes causados pela sucção incorreta. Em caso de dificuldade, a mãe deve procurar orientação de uma equipe multiprofissional. O posicionamento adequado de mãe e bebê, o número e duração das mamadas, a pega correta e os cuidados com os mamilos são medidas que devem ser ensinadas e estimuladas sempre.

As dúvidas ou dificuldades sobre o processo de amamentação podem ser esclarecidas com orientação e apoio adequado para o processo de aleitamento ser o mais natural e benéfico possível para o binômio mãe-bebê.

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