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Aquecimento global: última grande chance para impedir

Remoção em massa de dióxido de carbono e florestas plantadas

Por Frederico Ayres Lima
Publicado em 26 de setembro de 2022 | 03:00
 
 
 
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Na corrida contra o aquecimento global, remover carbono da atmosfera não é mais uma opção. Os esforços para redução das emissões de gases de efeito estufa não se mostraram suficientes para limitar o aumento das temperaturas do planeta em 1,5°C ou até 2°C até o fim do século, como previu o Acordo de Paris.

De acordo com as conclusões do último Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), da ONU, seria necessário reduzir, a cada ano, em média, cerca de 31 bilhões de toneladas de emissões globais de gases de efeito estufa até 2030. Ou seja, reduzir quase pela metade as emissões atuais em oito anos.

Atingir essa meta exigiria, de um lado, mudanças sem precedentes no comportamento humano. Por outro, tecnologias disruptivas em larga escala e redução drástica na demanda de energia. Para especialistas, algo pouco provável de ser alcançado em tão pouco tempo.

Soluções tecnológicas e da natureza para o aquecimento global

Atualmente, o mundo está produzindo cerca de 6 bilhões de toneladas a mais de emissões anuais do que há oito anos, segundo o IPCC.

Essa situação dramática impulsiona uma corrida tecnológica e de mercado em busca de novas soluções que possam remover carbono da atmosfera, e, ao mesmo tempo, serem implantadas em larga escala. Isso permitiria aos países ganharem mais tempo para avançar na transição comportamental e energética.

E as soluções que vêm da própria natureza estão liderando esse rali: plantar árvores e restaurar florestas. A cada 100 hectares de floresta plantada, 60 hectares de mata nativa são conservados pela indústria florestal e pelos produtores independentes, sejam em Áreas de Preservação Permanente (APPs), Reservas Legais (RLs), Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) e programas de restauração de áreas degradadas.

Essa conservação ocorre por meio de uma técnica de manejo sustentável que intercala florestas plantadas e nativas.

Florestas plantadas e retirada de carbono da atmosfera

As florestas plantadas se tornaram o grande ativo do clima hoje, por seus milhares de subprodutos com potencial de conduzir a transição para uma economia de baixo carbono – são mais de 5.000, segundo o IBGE –, além das próprias árvores que transformam CO2 em oxigênio.

Os mais conhecidos, madeira renovável para a indústria, carvão vegetal para substituir o combustível fóssil e celulose. Outros são pouco difundidos, como o Biochar, resíduo das áreas de madeira reflorestadas carbonizado e estocado no solo.

O Biochar ajuda a reter água e a condicionar a terra, auxiliando na disponibilização de nutrientes, garantindo também a retenção do carbono, evitando sua liberação para a atmosfera.

Mercado de remoção de carbono

Na Aperam BioEnergia, conseguimos comprovar, por meio de uma plataforma de certificação, a remoção de mais de mil toneladas de CO2 aplicando Biochar ao solo das nossas florestas plantadas de eucalipto, no Vale do Jequitinhonha.

Com os certificados emitidos nesse projeto piloto, fizemos a primeira venda de uma empresa brasileira no novo mercado de remoção de carbono, que está sendo gerenciado pela Nasdaq e já conta com três índices de preços específicos.

Esse é só um exemplo de como essa é uma corrida sem volta, e o próprio mercado financeiro está se encarregando de impulsionar seus resultados, em uma parceria com empresas que estão assumindo o protagonismo da agenda climática.

(*)Frederico Ayres Lima é presidente da Aperam South America

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