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Com quantos pilares se reconstrói uma floresta?

Gerar valor ambiental, social e econômico

Por Malu Paiva
Publicado em 29 de abril de 2024 | 07:00
 
 
 
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Estamos apenas no primeiro semestre do ano e já enfrentamos a terceira onda de calor extremo. Com o aumento das temperaturas, crescem também a percepção da crise climática e a urgência de concentrar esforços na conservação e recuperação de áreas florestais. O Brasil pretende restaurar 12 milhões de hectares de floresta e outras paisagens até 2030, conforme estabelecido no Plano Nacional para Restaurar Vegetação Nativa (Planveg). Além disso, o Plano ABC prevê a restauração de 15 milhões de hectares de áreas degradadas em todo o país no mesmo período. 

Grandes desafios demandam soluções igualmente grandiosas, mas também inovadoras. Em 2020, em consonância com as metas governamentais, a Vale se propôs de forma voluntária a conservar 400 mil hectares de áreas e recuperar outros 100 mil hectares, também até 2030. A empresa já ajuda a proteger 1 milhão de hectares pelo mundo. Desse total, 800 mil hectares estão na Amazônia, área equivalente a cinco vezes a cidade de São Paulo e que representam um estoque de 490 milhões de toneladas de carbono equivalente. 

A parcela do programa destinada à recuperação é liderada pelo Fundo Vale, uma associação sem fins lucrativos, que atua como um veículo de fomento e investimento de impacto voltado para a geração de impacto socioambiental positivo. As Soluções Baseadas na Natureza (SbN), como sistemas agroflorestais, silvipastoris e agrossilvipastoris, guiam a maioria das iniciativas apoiadas pelo Fundo Vale em florestas. 

A meta de recuperação de 100 mil hectares acabou se tornando um dos maiores projetos privados de restauração de ecossistemas por meio de sistemas sustentáveis de produção em curso no Brasil. Com o propósito de inspirar projetos similares em empresas comprometidas com a neutralização de carbono de suas operações, dividimos aqui os pilares que compõem nossa estratégia. 

Aportar e destravar o capital financeiro.

Facilitar o acesso a recursos financeiros e aos mercados para iniciativas que sustentam a floresta é urgente para atingir a escala necessária para a conservação e restauração das florestas. Atuamos na articulação com investidores para fomentar arranjos de “blended finance”, que combinam recursos de filantropia com investimentos públicos e privados. 

Catalisar negócios de impacto.

Dar apoio para que os negócios operem em uma cadeia de valor sustentável, acelerando o desenvolvimento, a maturação e o crescimento de startups voltadas para a bioeconomia e que valorizem parcerias com produtores locais. 

Construir capacidades.

Já é possível fazer análises preditivas de dados para prevenir o desmatamento ilegal antes que ocorra. É o que faz a plataforma PrevisiA, desenvolvida pela Imazon com o apoio do Fundo Vale, por meio de computação em nuvem e inteligência artificial. Ao identificar potenciais riscos na Amazônia, a plataforma disponibiliza essas informações gratuitamente para apoiar ações preventivas e auxiliar na tomada de decisões por parte dos gestores públicos. Produzir e disseminar conhecimento é o pilar pelo qual multiplicamos o impacto positivo. A PrevisiA é resultado disso. 

Atuar em coalizões.

Nossa atuação contempla parcerias com gestoras de fundos, fundos de investimento, organizações socioambientais, empresas prestadoras de serviços, bancos de desenvolvimento, organizações dinamizadoras, agências multilaterais, órgãos públicos ambientais, entidades de inovação e empresas com fins lucrativos, incluindo “off takers” da bioeconomia. 

Por meio desses quatro pilares, o Fundo Vale construiu um ecossistema de impacto que sustenta nossa tese de que não basta plantar árvores e criar reservas; é preciso gerar valor ambiental, social e econômico. É o que está acontecendo com a startup Belterra, que recebeu apoio do Fundo Vale nas quatro frentes. 

A empresa já implantou 2.000 hectares de sistemas agroflorestais em pequenas e médias propriedades rurais nos biomas da Amazônia e da Mata Atlântica, auxiliando na preservação de 20 mil hectares e apoiando o desenvolvimento socioeconômico dessas comunidades. 

Resultados consistentes na recuperação e conservação de florestas requerem uma abordagem holística, que considere e integre particularidades ambientais, sociais e econômicas. E isso só é possível com estratégias inteligentes de alocação de recurso. 

(*) Malu Paiva é vice-presidente de sustentabilidade da Vale 

 

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