A dor crônica é uma realidade para 37% da população brasileira, conforme dados da Sociedade Brasileira de Estudos da Dor. No entanto, quando focamos a população idosa, essa estatística ganha contornos ainda mais preocupantes.
Segundo o Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros, 40% dos idosos vivem com pelo menos uma doença crônica, enquanto 29,8% enfrentam duas ou mais condições de saúde, como diabetes, hipertensão e artrite. Esses números revelam uma realidade impactante: aproximadamente 70% dos idosos brasileiros lidam diariamente com ao menos uma doença crônica.
Essa situação não apenas afeta suas vidas, mas também coloca em evidência a necessidade de um olhar mais atento da sociedade e estratégias assertivas do Sistema Único de Saúde (SUS) para essas demandas sociais urgentes.
Em termos de saúde, a dor crônica pode impactar severamente a qualidade de vida da população idosa. Primeiramente, ela pode limitar a capacidade de realizar atividades diárias, interferindo na autonomia. Isso pode levar a um ciclo de inatividade física e isolamento social, contribuindo para problemas como a depressão, a ansiedade e outros transtornos mentais.
Além disso, a dor crônica está frequentemente associada a distúrbios do sono, o que pode afetar negativamente a saúde mental e o funcionamento cognitivo dessa parte da população. A falta de sono adequado pode levar a fadiga crônica, irritabilidade e dificuldade de concentração, afetando as relações interpessoais.
No âmbito do bem-estar, a dor crônica pode gerar um grande desgaste emocional. Lidar constantemente com a dor pode causar estresse, frustração e sentimentos de impotência. Nesse sentido, é crucial reconhecer a dor crônica como uma condição complexa, que requer abordagens multidisciplinares para o manejo adequado. Isso inclui não apenas o tratamento da dor em si, mas também o apoio emocional, a promoção de hábitos saudáveis de sono e a busca por estratégias de enfrentamento eficazes.
Ao aumentar a conscientização sobre os impactos da dor crônica na saúde e no bem-estar, podemos incentivar a busca por soluções integradas e melhorar a qualidade de vida das pessoas que enfrentam essa condição.
É bom lembrar que o Brasil não é mais tão jovem. Dados do Censo de 2022 apontam que, em 12 anos, a população brasileira com mais de 65 anos cresceu 57,4%, chegando a 22,1 milhões de pessoas. Então, precisamos focar a prevenção das doenças crônicas e tratamentos na perspectiva integral, ou seja, na visão ampliada dos cuidados envolvendo vários especialistas da medicina e terapias integrativas.
Além disso, é fundamental garantir que os idosos tenham acesso a tecnologias inovadoras, suporte emocional e uma rede de apoio sólida. Mas, para isso, precisamos investir em campanhas de prevenção regionalizadas em todo o país, além de ampliar as estratégias comunicativas.
Finalizando, o SUS necessita, urgentemente, realizar campanhas de conscientização e prevenção de doenças crônicas em todo o território nacional. Atualmente, a ausência dessas campanhas resulta em uma lacuna significativa na educação da população sobre cuidados preventivos, detecção precoce de doenças e adoção de hábitos saudáveis.
Ao implementar essas campanhas, o SUS poderá fortalecer sua missão de promover uma saúde mais equitativa e eficaz para todos os brasileiros.
Adriana Santos é jornalista, especialista em comunicação e saúde e culturas midiáticas