Os dicionários da língua portuguesa colocam os termos “poder” e “autoridade” no mesmo nível, como sinônimos. Entretanto, pode e deve haver uma distância enorme entre eles. Segundo Max Weber, talvez o maior entre os últimos sociólogos que apareceram na humanidade, que assegurou seu lugar entre os inesquecíveis, a diferença é imensa.

A uma pessoa pode ser dado o poder, mas carece de autoridade para exercê-lo. Outro pode ter autoridade sem que o destino o tenha colocado no poder.

Para Weber, o poder pode cair no colo de um personagem sem que este tenha qualidades e cabedal para exercê-lo. Pode ser conquistado pela capacidade de luta, pela força, pela esperteza, mas sem ter relação com a capacidade para administrar as tarefas que se seguem a uma vitória.

Não tem preparo para as tarefas que vêm na sequência do erguimento para o cargo em que reside o “status” do poder. Costuma brindar uma figura também pelo acaso, pela herança, pela conjugação de circunstâncias estranhas, pelo sorteio de uma loteria, por erros alheios. Um competidor pode sucumbir por descuidos e fraquezas pessoais, beneficiando um inepto, um débil, cujo único mérito é o demérito dos adversários que lhe deixam a porteira escancarada para seguir adiante.

O poder, quando conquistado à revelia da capacidade de exercitá-lo, se revela instável, vacilante, como torre de escasso alicerce. No vértice da elevação, passa a balançar e a enfrentar os golpes de quem quer destroná-lo.

A história registra com fartura descendentes de monarcas que se aproveitaram do fator hereditariedade sem preparo para tanto. Assim o poder se fez um peso e um pesadelo, e coube a subalternos exercitá-lo. Frequentemente nesses casos se registraram reinados breves e marcados por insucessos e confusões, deixando épocas caracterizadas por regressos, econômicos e sociais.

Já a “autoridade” exala não do acaso, mas da condição proveniente do mérito, da capacidade de exercer um poder.

Assim, se percebe que a “autoridade” é a capacidade de exercer o poder proficuamente num ambiente de confiança, de admiração.

Trata-se de um reconhecimento sólido e generalizado de capacidades pessoais. “Autoridade natural e moral” confere o “poder” pelo mérito. Autoridade é a alma do poder; sem esta, o poder será uma desgraça.

Autoridade arrasta multidões, faz crer, despertar, avançar. É uma vareta mágica para o Estado, faz empreendimentos, projetos prosperarem. Subentende talento, justiça, determinação, desapego, amor à causa.

A Coroa espanhola reconheceu a autoridade de Cristóvão Colombo, um simples genovês de família sem títulos, e lhe deu meios para encontrar um Novo Mundo. Os ingleses encontraram essa condição em Winston Churchill; os indianos, em Gandhi.

Nos maiores fracassos, nos momentos mais difíceis de um país, se enxerga essa diferença, que nos momentos de bonança passa despercebida.

A autoridade é uma força magnética que precisa ser sempre lembrada na hora de escolher a pessoa que exercerá uma tarefa. Não importa se no âmbito de um poder restrito ou excelso. O sucesso depende dela.