Opinião

Doença de Parkinson

Abril, mês de conscientização

Por Dr. Filipe Milagres
Publicado em 14 de abril de 2021 | 03:00
 
 
 
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Estamos no mês da conscientização sobre a doença de Parkinson, e 11 de abril foi estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o Dia Mundial do Parkinson. Essa data marca o nascimento de James Parkinson, médico inglês, nascido em 11 de abril de 1755, que descreveu em 1817, a paralisia agitante (“Essay on the Shaking Palsy”), uma condição que mais tarde foi rebatizada como doença de Parkinson pelo neurologista francês Jean-Martin Charcot. O objetivo da data é aumentar a conscientização da população sobre a doença, disseminar conhecimento e integralizar o cuidado, envolvendo profissionais de saúde, pacientes, familiares e cuidadores.

Segundo estimativa do Ministério da Saúde, no Brasil, são cerca de 200 mil portadores de Parkinson. Dados da OMS revelam que cerca de 1% da população mundial acima de 65 anos é acometida por esta enfermidade, sendo considerada a segunda doença neurodegenerativa progressiva mais frequente no mundo.

A doença de Parkinson é uma desordem neurológica degenerativa, lentamente progressiva, que acomete na maioria das vezes pessoas com mais de 65 anos. Passados mais de 200 anos de sua primeira descrição, a causa ainda não é totalmente compreendida, mas sabe-se que envolve uma interação entre fatores genéticos e ambientais que convergem para degeneração neuronal, levando à redução da dopamina, um neurotransmissor relacionado com a modulação e controle do movimento.

Por muitos anos, a doença de Parkinson foi clinicamente definida como um distúrbio eminentemente motor, se manifestando com lentidão e redução da amplitude dos movimentos, tremor de repouso e rigidez muscular. Esse tradicional conceito teve alterações significativas, e, hoje, a doença é amplamente reconhecida como um distúrbio complexo com diversas características clínicas, como redução do olfato, alterações do humor e do sono, disfunção urinária e intestinal, comprometimento cognitivo, entre outros.

O diagnóstico é estabelecido com base na história clínica e no exame neurológico. Exames de imagem cerebral são realizados em casos selecionados para exclusão de outras causas. Hoje existem critérios bem estabelecidos, que auxiliam o médico no diagnóstico.

Existem medicamentos disponíveis para melhora dos sintomas e da capacidade funcional. Para pacientes selecionados, procedimentos cirúrgicos, principalmente a estimulação cerebral profunda (“DBS” ou “deep brain stimulation”), revolucionaram o tratamento. O acompanhamento multidisciplinar, com fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, é de fundamental importância.

Apesar de não existir cura, podemos comemorar os grandes avanços da ciência, que possibilitaram melhor compreensão da doença, permitindo sobretudo maior independência, produtividade e qualidade de vida ao paciente.

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