Opinião

Está na hora de o Brasil abraçar seu primeiro Prêmio Nobel

Há razões materiais para que Alysson Paolinelli seja agraciado com o prêmio

Por Heloise Duarte
Publicado em 15 de janeiro de 2021 | 14:21
 
 
 
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Ozires Silva, o lendário fundador da Embraer, conta a história de um jantar na Suécia no qual compartilhou a mesa com membros da comissão julgadora do Prêmio Nobel, a maior láurea concedida a cientistas, pensadores e escritores do mundo. Ele, então, fez a pergunta que qualquer brasileiro teria feito naquela circunstância: “Por que o Brasil não tem um Prêmio Nobel?” A resposta: sempre que o nome de um brasileiro surgia entre os indicados, a reação contrária, dentro do próprio país, era maior do que a aprovação.  

Verdade ou justificativa esfarrapada, fato é que até hoje continuamos sem um Prêmio Nobel para chamar de nosso. Mas é também sabida a reação de muitos brasileiros diante do sucesso de um conterrâneo. Quem triunfa nem sempre é bem-visto em terras tupiniquins. Ele costuma ser cercado de muita inveja, maledicência, desprezo: “algo de errado deve ter feito para ter chegado lá”.  

Avaliem a repercussão da possível indicação de Alysson Paolinelli, ex-ministro da Agricultura e criador da Embrapa, para concorrer ao Prêmio Nobel da Paz. Matérias em jornais, um ou outro artigo a favor podem ser vistos. Mas não há uma articulação forte, agregadora, que coloque a opinião pública nacional a favor do brasileiro junto à comissão organizadora do prêmio. 

Há razões materiais para que Alysson Paolinelli seja agraciado com o prêmio. Nosso país é hoje um dos “celeiros do mundo”. É o maior produtor mundial de soja, laranja, café e açúcar e está entre os maiores no milho, leite, carne e tantos outros produtos. As exportações do agronegócio brasileiro representam hoje mais da metade das exportações nacionais (vale destacar que até os anos 1970, o Brasil era um importador de comida). Em boa parte, essa realidade se deve à visão e ao trabalho do professor e ex-ministro da Agricultura que foi também um dos fundadores da Embrapa, cuja abordagem científica deu base à revolução agrícola ocorrida no país.  

A possível indicação de Alysson Paolinelli reflete, segundo o noticiário, “a preocupação dos organizadores do prêmio com a segurança alimentar em escala global”. Atenção já manifestada em 2020, quando o prêmio Nobel da Paz foi concedido ao Programa Mundial de Alimentos da ONU, que combate à fome no mundo.  

Alysson Paolinelli já recebeu, em 2006, o World Food Prize, criado por Norman Bourlang, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1970. O Brasil deveria abraçar essa causa. Deveríamos todos assinar os manifestos a favor desse reconhecimento. O Prêmio Nobel seria um merecido reconhecimento para nosso conterrâneo. Estimularia a pesquisa agrícola, seria um fator promocional para o agronegócio nacional e faria muito bem à autoestima dos brasileiros, que, convenhamos, estão precisando de boas notícias. 

 

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