Opinião

Lembrar dos pacientes com esquizofrenia

Saiba mais sobre as características e tratamentos da doença

Por Renato Ferreira Araújo
Publicado em 02 de junho de 2020 | 03:00
 
 
 
normal

A esquizofrenia é uma doença crônica que geralmente se inicia na adolescência ou início da fase adulta. Acomete tanto mulheres quanto homens, sendo considerada a doença psiquiátrica mais incapacitante. Sua etiologia é multifatorial, tendo como causa a interação entre a susceptibilidade genética individual com fatores de risco ambientais. Dentre os fatores de risco ambientais é importante destacar o uso de cannabis e o abuso infantil que são fatores de risco modificáveis.

Os sintomas da esquizofrenia podem ser separados em três grupos principais: positivos, negativos e cognitivos. Os sintomas ditos positivos são aqueles que surgem com a doença, como os delírios que são falsos juízos da realidade, não são passíveis de argumentação lógica com o paciente, e as alucinações, que muito comumente são auditivas, como vozes que conversam com o paciente, mas que podem ser de outras modalidades sensoriais.

Já os sintomas negativos é o que a doença “retira” do paciente, como a alteração nas expressões faciais e na compreensão dos afetos, a falta de motivação e o isolamento social.

Por último, os sintomas cognitivos, como dificuldade atencional, na execução de tarefas e rotinas do dia a dia (chamada de funções executivas). As alterações cognitivas são tão importantes que a doença fora, primeiramente, chamada de “demência precoce “ pelo grande psiquiatra alemão do início do século XX Emil Kraeplin.

O tratamento da esquizofrenia é ainda um desafio. Os medicamentos utilizados são os antipsicóticos que atuam no controle dos sintomas positivos, sem interferirem nos sintomas negativos ou cognitivos da doença. Além disso, sabemos que o tratamento é mais eficaz quando iniciado logo quando o paciente começa a apresentar os primeiros sintomas da doença.

O tratamento multiprofissional é o mais recomendado. O trabalho conjunto de psicólogos, terapeuta ocupacional, musicoterapeutas, entre outros profissionais de saúde, ajudam na melhora da qualidade de vida, na reinserção social e até ocupacional em alguns casos.

Há diversos tratamentos sendo desenvolvidos nessa área, com medicamentos promissores que poderão atuar mais na fisiopatologia da doença, mudando o seu curso evolutivo. Além de outras terapias modernas, como utilizando realidade virtual, que trarão uma perspectiva melhor de qualidade de vida aos portadores de esquizofrenia.

Por mais que terapias modernas estejam surgindo, o maior problema enfrentado pelos pacientes com esquizofrenia é o preconceito. Por isso, é importante que a sociedade compreenda melhor a esquizofrenia e como ajudar os portadores dessa doença, que acomete uma parcela significativa da população e leva a intenso sofrimento mental, desemprego, baixa condição socioeconômica e suicídio.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!