Opinião

Minas Gerais: além das commodities

Gerar inteligência, reter talentos e atrair investimentos

Por Rogério Nery de Siqueira Silva
Publicado em 15 de abril de 2022 | 03:00
 
 
 
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A economia mineira está em crescimento. Em 2021, o Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais totalizou R$ 805,5 bilhões, o que representa a maior participação sobre o PIB brasileiro em 20 anos, saindo de 9% (2020) para 9,3% (2021) – uma alta de 0,3 ponto percentual. Os dados são da Fundação João Pinheiro.

Considerando que a economia do Estado é fortemente baseada na indústria mineral e no agronegócio, as perspectivas são positivas diante do comportamento dos preços internacionais das commodities, em movimento de alta desde que a Rússia invadiu a Ucrânia. Não por acaso, os principais bancos privados já sinalizam um recorde no superávit comercial deste ano, algo entre US$ 74 bilhões e US$ 75 bilhões, acima dos US$ 61,4 bilhões registrados em 2021 pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex-ME).

Apesar das perspectivas, o que mais Minas Gerais precisa é de um plano de crescimento sustentável com foco na economia criativa. E um dos segmentos de maior potencial é o das startups – empresas emergentes com modelos de negócios inovadores. Hoje, o Estado conta com 1.250 startups, 242% acima do número registrado em 2015, conforme dados da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede) em parceria com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups). Minas, no entanto, está em terceiro lugar na lista dos Estados com mais startups, com 9,5% do total, atrás de São Paulo (32,5%) e Santa Catarina (12,6%).

Para evoluir nesse ranking, uma das esperanças é a lei estadual 23.793, sancionada em 2021 com a finalidade de promover a inovação dos métodos de negócio e produção, aumentar a produtividade e a competitividade, além de fomentar a modernidade tecnológica, econômica e social no Estado.

Outra boa frente no setor público é o Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development (Seed), programa de aceleração de startups voltado para empreendedores interessados em desenvolver seus negócios em Minas Gerais – inclusive estrangeiros. Em seis edições, o programa já acelerou mais de 240 empresas.

A quantidade de startups, logicamente, é um indicador de ambiente de negócios saudável e com potencial para gerar valor aos acionistas e à sociedade. E Minas tem bons exemplos. Um deles é a Beduka, edtech que, após a aquisição pela Ser Educacional, passou a ofertar bolsas de estudo para alunos, além de receber mais recursos para aprimorar a inovadora plataforma online que a startup havia criado para auxiliar os alunos durante o processo de escolha dos cursos e instituições de ensino superior.

Belo Horizonte, naturalmente, é o principal polo de startups, mas elas também despontam em centros como Uberlândia, Uberaba e Juiz de Fora. E uma das iniciativas mais interessantes é o UberHub, ecossistema criado por voluntários, em Uberlândia, que alcançou o Top3 em “Comunidade de Startups” no Startup Awards 2K21, principal prêmio de startups e inovação do país.

A ideia de criar um Arranjo Produtivo Local de Tecnologia e Inovação, em debate entre as prefeituras de Uberlândia e de quatro municípios e, ainda, agentes privados, incluindo o Uberhub, é um reforço para essa vocação – e uma inspiração para outras regiões do Estado.

Essas iniciativas mostram que a conjunção de forças (entre setor público, iniciativa privada e universidades) pode contribuir para estimular um ambiente que posicione Minas não apenas como um polo exportador de commodities, mas capaz de gerar inteligência, reter talentos e atrair investimentos para o Estado.

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