Opinião

Por uma sociedade inclusiva

Por que ainda temos que discutir a inclusão de pessoas com deficiência?

Por Cristina Abranches Mota Batista(*)
Publicado em 28 de julho de 2021 | 03:00
 
 
 
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Em uma sociedade inclusiva, o conceito de equidade seria um dos pilares de sustentação. A ideia de sermos tratados como iguais, com as mesmas oportunidades, indistintamente, só tem validade se compreendermos que somos todos diferentes em nossa singularidade e na forma que estabelecemos nossas relações com o outro, com o trabalho e também no processo de aprendizagem.

Para praticar a equidade, temos que considerar as diferenças, sejam elas por razões étnicas, culturais, sociais ou físicas, pelas circunstâncias ou cuidados especiais, individuais ou coletivas. O mundo do século XXI, da diversidade e da inclusão, deveria ser mais acolhedor e fraterno, mas em nossa contemporaneidade convivemos com o dualismo desse mundo mais fraterno, e, em outros momentos, mais egoísta e segregador, o que nos obriga a defender a valorização da inclusão e a realizar essa reflexão.

A inclusão de pessoas com deficiência nos vários “espaços” da sociedade – na escola, no trabalho formal, nos campos da arte, cultura ou quaisquer outros – é um avanço civilizatório.

Para nós, do Centro de Atendimento e Inclusão Social (Cais) – com cinco décadas de atuação e muito aprendizado –, a pessoa com deficiência é singular, e sua inclusão é um direito que lhe permite um crescimento e realização como cidadão participativo. A sociedade e as organizações precisam se adaptar para que se tornem inclusivas e permitam que cada um desfrute das oportunidades criadas.

São imensuráveis as possibilidades que afloram às pessoas com deficiência quando a sociedade acolhe, forma, capacita e respeita os seus direitos e suas diferenças.

E o que é ser uma sociedade inclusiva? A sociedade inclusiva é aquela que se adapta para todos, reconhecendo que a diferença é natural ao ser humano e, portanto, desenvolve o desenho universal, para que todos, seja aquele que tem alguma deficiência, seja obeso, idoso, criança, dentre outras inúmeras diferenças inerentes ao ser humano, tenham condição de participar ativamente dos espaços sociais.

É uma sociedade que sabe que a segregação não traz crescimento, que a meritocracia tem sentido se todos tiveram as mesmas oportunidades e que toda pessoa deve ser respeitada em suas singularidades, possibilidades, limites, desejos, escolhas e formas como constrói seu conhecimento e suas relações.

É uma sociedade que sabe que compartilhar informações sobre direitos e deveres ajuda na construção de sujeitos – cidadãos com suas especificidades, suas limitações e competências.

Uma sociedade inclusiva é aquela que reconhece que a construção do saber é um processo contínuo e diferenciado para cada sujeito. Cada um tem seu tempo e ritmo, mas todos aprendem.

(*) Psicanalista com atuação em clínica de bebês, consultório clínico e gestão de organizações sociais

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