O mundo mudou, e a pandemia do coronavírus (Covid-19), que levou diversos países a adotarem medidas restritivas de circulação de pessoas, fechamento de fronteiras, proibição de voos comerciais, elaboração de planos de auxílios emergenciais para socorrer os mais necessitados, é agora nossa realidade também.
Não poderia ser diferente, uma vez que vivemos em um mundo globalizado, e o aumento da interação entre as nações ao mesmo tempo que é muito benéfica também é capaz de socializar mazelas.
Que a pandemia mudou a realidade do povo brasileiro ninguém mais dúvida, bem como que nossa realidade não será mais a mesma por um período razoável também.
Contudo, não se pode ficar inerte à realidade, sob pena de condenar milhares de pessoas ao sofrimento que a Covid-19 já demonstrou ser capaz de causar e ao sofrimento acarretado por um país esvaziado de investimentos. Assim, pensar em como sairemos dessa crise humanitária de saúde pública é tarefa de primeira hora.
Parece-nos que a tarefa de pensar em uma saída estratégica está sendo gestada pelo governo federal, que anunciou, mesmo que de forma embrionária e com aparente divergência entre seus ministérios, plano de recuperação econômica pós-pandemia chamado Programa Pró-Brasil, apelidado de “Plano Marshall” (referência ao programa de reconstrução da Europa no pós-guerra realizado com dinheiro dos norte-americanos).
O programa inclui proposta de investimento público como forma de aumentar a oferta de empregos, cerca de R$ 30 bilhões em infraestrutura, ao longo de três anos, começando ainda em 2020. Ponto fora da curva da estratégia do Ministério da Economia, que pautou todas as suas ações, até aqui, na realização de privatizações para atrair investimentos privados.
Esse é o ponto de divergência clara entre a presente proposta, elaborada pelos ministros Tarcísio Freitas (Infraestrutura) e Braga Netto (Casa Civil), e o que sempre propôs o ministro Paulo Guedes (Economia) – mesmo que se negue.
Superadas as divergências quanto à capacidade de investimento do Estado brasileiro no setor de infraestrutura, não há como ignorarmos que a recuperação da economia do país obrigatoriamente passar pela retomada dos projetos de infraestrutura elaborados em todos os níveis da federação, sejam eles viabilizados com recursos do Tesouro ou por meio de privatizações, tais como concessões, parcerias público-privadas, desestatizações, desinvestimentos etc.
Nesse ponto, a escolha por investimentos na infraestrutura do país como forma de recuperação da economia brasileira no pós-pandemia se mostra acertada como proposta.