Artigo

Quebra-crânio

Diálogo é o melhor remédio contra virais entre os jovens

Por Jacqueline Caixeta
Publicado em 15 de fevereiro de 2020 | 03:00
 
 
 
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Baleia Azul, Momo e agora a brincadeira quebra-crânio. E, novamente, os pais desesperados acionam a escola pedindo socorro. Quero convidá-los a refletir comigo o porquê de tais brincadeiras viralizarem tão rapidamente entre os adolescentes.

O jovem tem necessidade de fazer parte de um grupo, então logo surge algo desafiador ou engraçado que “todo mundo tá curtindo”. Lá estarão eles, prontos para nos enlouquecer com suas atitudes impensadas.

Assistir, fazer, compartilhar, curtir algo que está na moda é como se fosse uma necessidade da adolescência. Não adianta os pais virem com aquela famosa frase “você não é todo mundo”, porque eles se sentem todo mundo, sim.

Bem, já que meu filho é adolescente e vai querer entrar na onda, o que fazer, então? Percebo uma geração de pais com atitudes imaturas tanto quanto as dos filhos. Infelizmente eles não estão sabendo colocar o ponto e a vírgula nos lugares certos na hora de uma boa conversa.

O medo de frustrar o filho está tão grande que passam o bastão para as escolas. Vivem pedindo que façam intervenções e falem para os filhos (que são deles) que não podem, por exemplo, ficar no celular até de madrugada. Escola é parceira na educação de valores, não a única responsável.

Com medo de frustrarem os filhos, não colocam limites claros, não “batem o martelo” quando isso se faz necessário e, com essa postura pouco educativa, ficam à mercê de situações oriundas da internet.

A insegurança de pais que insistem, cada vez mais, em não se colocarem como autoridade perante os filhos tem contribuído para que eles cresçam imaturos e sem opinião própria.

Não quero levantar bandeira de um retrocesso ao autoritarismo usado em décadas passadas, mas é preciso que conversem sem medo de que possam “ficar traumatizados”.

Estão achando graça na brincadeira quebra-crânio? Leve-os a um hospital onde há jovens presos a cadeiras de rodas ou ligados a aparelhos porque lesionaram a coluna, por exemplo. Mostrem a vida como ela é.

Tudo que é desafiador e divertido vai viralizar, e seu filho vai ter acesso – pelo menos se ele tiver um celular conectado à internet. Mas isso não significa que ele vá sair reproduzindo tudo só porque é adolescente e quer estar inserido no grupo.

Se você tiver educado seu filho com valores como empatia, respeito, amizade, limites, entre tantos outros, ele vai pensar duas vezes antes de fazer bobagem por aí, só porque “todo mundo tá fazendo”.

O melhor caminho para evitar todas essas atrocidades que viralizam e circulam entre adolescentes é o diálogo, a educação, o afeto e o limite. Pais presentes educam para a vida.

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