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Radiologia e diagnóstico por imagem iniciaram revolução na medicina

Dia do Radiologista – 8 de novembro de 2022

Por Rogério Augusto Pinto da Silva
Publicado em 08 de novembro de 2022 | 05:00
 
 
 
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Em 1895, Wilhelm Conrad Röentgen trabalhava como professor na Universidade de Würzburgo, enquanto fazia experiências com raios catódicos produzidos em tubos de Lenard cobertos por fina camada de alumínio mais uma camada de papelão impedindo que a luz visível escapasse. Notou, em 8 de novembro de 1895, que raios invisíveis produziam efeito fluorescente em uma tela pintada com platinocianeto de bário.

Enquanto investigava quais elementos eram capazes de bloquear a passagem destes raios, percebeu que estes atravessavam sua mão, produzindo a primeira imagem radiográfica. 50 dias depois, revelou sua descoberta ao mundo no artigo “Ueber Eine Neue Art von Strahlen” (“Sobre uma nova espécie de Raios”), raios estes chamados de “X” usando o símbolo usando em matemática para o desconhecido.

Ganhou o Prêmio Nobel de Física em 1901, doando o prêmio para a universidade em que trabalhava. Como Pierre Curie, Santos-Dumont e muitos pesquisadores da época, recusou patentear ou obter lucro com sua descoberta.

Revolução na medicina

Não foi portanto uma descoberta acidental, mas fruto do trabalho de uma mente científica, arguta, persistente e generosa. A primeira imagem do interior do corpo humano se associa a uma longa linhagem de retratos das mãos, que vem da pré-história, passa pelos anatomistas renascentistas e chega aos nossos dias com imagens impressionantes de cada detalhe anatômico in vivo.

Foi o início de uma revolução na medicina, possibilitando aos médicos investigar o interior do corpo humano sem ter que abri-lo. Não só os raios X, ainda hoje necessários para diversos exames e métodos terapêuticos, mas outros meios físicos, como ultrassons, a ressonância magnética e as cintilografias da medicina nuclear passaram a ser usados para produzir imagens do corpo humano, possibilitando examinar suas alterações.

Novos métodos

A radiologia foi se firmando ao longo do século XX, com médicos tornando-se especialistas na área. Com a chegada de novos métodos (cintilografia/medicina nuclear, ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética) a especialidade cresceu tornando-se hoje a radiologia e diagnóstico por imagem, com uma infinidade de aplicações, melhorando sobremaneira a compreensão quanto à evolução de diversas moléstias.

Lembro-me da surpresa de meu pai, médico obstetra formado em 1936, ao ver em 1983 as imagens ultrassonográficas de um feto em movimento, grande novidade na época. Já aposentado, lastimou não ter tido oportunidade de trabalhar usando este recurso.

Antes considerados como métodos de diagnóstico complementar, hoje assumem importância capital no diagnóstico e tratamento de inúmeras doenças em todas as partes do corpo. Prova disto, nas reuniões multidisciplinares (reuniões em que médicos de várias especialidades se reúnem para discutir casos complexos), o primeiro a falar depois da apresentação do caso e dar sua opinião quanto ao diagnóstico é o especialista em Diagnóstico por Imagem. Somente depois dele, os demais especialistas clínicos e cirúrgicos emitem opinião. Mas a especialidade não participa somente do diagnóstico; hoje a avaliação do resultado do tratamento depende muito dos métodos de diagnóstico por imagem.

Cumprimento

A história da radiologia e diagnóstico por imagem é uma história do que a humanidade tem de melhor – o gênio humano aplicado ao cuidado com as pessoas e na expansão do conhecimento médico. Cumprimento todos os colegas que se dedicam à especialidade diuturnamente em inúmeras clínicas e hospitais, prestando este importante serviço à população e a todos os médicos.

(*) Rogério Augusto Pinto da Silva é presidente da Associação de Radiologia e Diagnóstico por Imagem de Minas Gerais

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