Opinião

Seja um mártir em combate à fome

O exemplo de Tiradentes e a solidariedade necessária para superação do problema

Por Henrique Oliveira
Publicado em 04 de maio de 2021 | 03:00
 
 
 
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O mês de abril é marcado pela história de nosso mártir Tiradentes, um líder que assumiu a penitência da Inconfidência Mineira, conjuração revoltosa contra a derrama e a repressão do governo do Império, em 1789. A celebração militar foi tímida, em detrimento da pandemia do coronavírus. Entretanto, o feito de Tiradentes é importante para não esquecermos daqueles que fizeram a diferença e que foi solidário com seus companheiros, assumindo total responsabilidade pelo ato revolucionário.

Nesse ambiente ainda epidêmico que passou o nosso 21 de abril ouro-pretano, precisamos urgentemente de mais uma revolução de solidariedade. A segunda onda do vírus atingiu o Brasil de forma severa, fechando novamente o comércio e criando mais uma vez uma onda de desemprego e encerramento de atividades ligadas à prestação de serviços, sobretudo aquelas consideradas como “não essenciais”. Em consequência, a fome bateu à porta.

Em visita ao site da Deutsche Welle Brasil  pesquisadores do grupo “Alimento para Justiça” da Universidade Livre de Berlim, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade de Brasília (UnB), divulgaram em 13 de abril, um levantamento realizado em novembro e dezembro de 2020 com 2.000 pessoas indicando que 15% estavam em insegurança alimentar grave, e 12,7% em insegurança alimentar moderada, o que significa que corriam o risco de deixar de comer por falta de recursos financeiros. Em relação à população brasileira como um todo, isso equivaleria a 58 milhões de pessoas. 31,7% estavam em insegurança leve, quando há preocupação de que a comida acabe antes de se ter dinheiro para comprar mais ou faltam recursos para manter uma alimentação saudável e variada.

O resultado mostra que fome no Brasil, alertada pelo sociólogo mineiro Betinho décadas atrás, aumentou severamente e que essa se intensificou antes da Pandemia em um contexto de crise econômica e desmobilização de políticas públicas de segurança alimentar. Pelo visto, baixamos a guarda.

Não dá para baixar a guarda. Para esquivamos dos golpes, diversas frentes vêm auxiliando as famílias mais carentes como, por exemplo, a Campanha Nacional “Tem gente com fome”  que, somente em Belo Horizonte cedeu um cartão alimentação de R$ 142,50, além de cestas básicas para vários cidadãos necessitados. A Fundação ArcelorMittal Brasil (o que inclui o Grupo Belgo Bekaert) está com o programa #OAçoSalvaVidas . A meta é arrecadar R$ 1,2 milhão. A cada R$ 1 doado a ArcelorMittal Brasil doará igual quantia.

Vacinas salvam vidas, contra doenças. Porém, não há vacinas que combatam a fome. Precisamos nos mobilizar, ser solidários, fazer a diferença. Lembro que dia 1º de maio é o Dia do Trabalhador. Se você está trabalhando, ajude quem não está. É para ontem. A fome já bateu na porta.

PS Dados mais completos sobre a ilustração em https://refubium.fu-berlin.de/bitstream/handle/fub188/29813/infogr%c3%a1fico_port_9.pdf?sequence=4&isAllowed=y

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