Opinião

Seja um pai, nada mais que isso

A responsabilidade da paternidade

Por Jacqueline Caixeta
Publicado em 09 de agosto de 2020 | 03:00
 
 
 
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A polêmica da propaganda que traz uma pessoa trans homenageando os pais, me fez refletir sobre essa figura, até então exclusivamente do gênero masculino, o que é ser pai e quem, de fato, é pai.

O pai biológico, aquele que possui seus incríveis espermatozoides que contribuem para o surgimento de uma nova vida, nem sempre sabe o que de fato é ser pai. Quantos homens já, simplesmente, deram sua contribuição genética para que vidas fossem geradas e jamais se preocuparam com elas? E quantos homens que não contribuíram geneticamente com o surgimento de uma nova vida e se doaram a ela numa linda missão diária de cuidar e amar?

O papel de pai representa para a criança, na primeira infância, um grande herói. É nele que ela busca segurança e confiança, naquela figura forte, ela vai buscar o limite. A figura do pai representa, muitas vezes, a voz de comando, o ponto final. Na adolescência, é o exemplo, o que muitos miram seus olhos e se projetam, é a admiração e porto seguro nas incertezas da vida nessa fase em que os hormônios não sabem de fato se enlouquecem ou não os seres. Já na fase adulta, o pai é o ponto de partida e chegada, é onde o adulto vai tomar impulso para ir para vida, mas sempre sabendo que tem para onde voltar.

Ah, a figura de um pai e o que ela representa nem sempre é exercida somente por alguém do gênero masculino, inúmeras são as mulheres que exercem essa função. São as “pães”, alguém já ouviu esse termo? São as mães que na ausência dos homens, assumem o lugar de pai na vida dos filhos. Elas se desdobram em mil tarefas, se destroem e reconstroem todos os dias em jornadas duplas para criar os filhos sozinhas.

Pai precisa ser uma figura presente de afeto, segurança, apoio, amor e cuidado na vida de outra pessoa, independente se gerou ou não, precisa ser alguém que saiba que a criança precisa de brincar, mesmo que você esteja cansado de um dia de trabalho.

A criança é pura energia e tudo o que ela quer é um pai brincando com ela, não importa se trabalhou ou não o dia todo, para a criança você, pai, é alguém muito esperado e desejado, ela quer aprender com você as coisas da vida, quer ouvir você contar seus causos de quando era criança, quer colo e aconchego.

O adolescente precisa ser ouvido, pai, mesmo que você ache que ele só fala besteira e tudo o que fala é para te provocar, mesmo que seus pontos de vista sejam diferentes e, que bom que sejam, porque assim você também pode aprender com ele. O adolescente precisa saber que você se importa com ele, precisa levar bronca, precisa que você coloque um ponto final quando for necessário, isso é segurança, isso é afeto e amor.

O pai do adolescente não tem que ser o amigão do filho, tem que ser o pai, que o escuta, respeita e discute sobre a vida e as descobertas que essa fase tão linda dos filhos significa. O pai tem que ser o fiel conselheiro no início da vida adulta, mesmo que seu filho diga que sua opinião não lhe interessa, no fundo, tudo o que ele quer é saber seu ponto de vista, é saber o que você faria ou não em determinada situação, pois você, pai, ainda é o herói dele.

Não seja um pai de fotos para redes sociais, de fins de semana, seja um pai de verdade todos os dias, seja um pai no sentido verdadeiro da palavra, mesmo que você não tenha condições biológicas para isso, mesmo que você não tenham que ser um homem para isso, seja um pai, nada mais que isso.

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