Opinião

Sete de setembro

O perigo passou ao largo

Por Amauri Meireles (*)
Publicado em 18 de setembro de 2021 | 03:00
 
 
 
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Na vida, há inúmeras situações, extremamente tensas, que várias pessoas chegam a pensar que estamos próximos do Armageddon. Algumas acontecem de forma explícita, causando inquietações, e outras são conhecidas após sua ocorrência, mas, também, provocando traumas, ansiedades.

Certamente, o último 7 de setembro foi um dia de fortes emoções.

Pouquíssimas pessoas tomaram conhecimento de que um asteroide (RJ53) passou próximo da terra – a apenas 366.000 Km – numa distância inferior à que vai à lua, ou seja, 384.400 Km. Embora tenha sido localizado a, tão somente, três dias de sua passagem por aqui, intensificaram-se estudos e pesquisas que concluíram por não oferecer perigo ao globo terrestre.

Por outro lado, maioria da população brasileira tomou conhecimento de que, há cerca de um mês, aproximadamente, foi tomando corpo a intenção de, no Dia da Independência, serem feitas manifestações pró e contra o PR Bolsonaro e, na esteira, contra instituições e autoridades públicas. A mídia, que relatou a evolução das intenções, nos deixou a impressão de que haveria um “clima de guerra” em várias capitais, com destaque para Brasília, sendo inevitáveis os confrontos. Os pronunciamentos e as atitudes de autoridades, em maioria, serviram para acirrar os ânimos.

Na data marcada, consolidou-se uma estrondosa contradição, cujo início se dera, gradativamente, dias antes. É que as tradicionais comemorações do Dia da Pátria foram suspensas, em razão de uma das medidas preventivas para se evitar a propagação da Covid-19: evitar aglomerações. Contudo, estima-se que havia nas manifestações, minimamente, cinco vezes mais público que comumente há nas comemorações.

Felizmente, assim como o asteroide não colidiu com a Terra – o que poderia ter sido um grande desastre – não houve confrontos – o que poderia ter elevado a gradação da Ordem para grave perturbação, ensejando medidas de exceção, previstas na Constituição.

Astrônomos comemoraram, aliviados e felizes, em uníssono, a passagem do RJ53, sabendo que, ainda em setembro, mais dois asteroides rondam a Terra.

Quanto às manifestações, no geral, ordeiras, o resultado foi diferente do que muitos supuseram. Para os que pretendiam mostrar a força do povo, euforia; para os que pregavam invasões de prédios públicos e quebradeiras, desilusão; para os “valentões”, desejosos de “resolver o problema”, ainda que com desordem, frustração; para os afoitos, que viram na nota do PR um recuo, desilusão. Finalmente, para os sensatos, para quem os problemas devem ser resolvidos sem fanfarronice ou supremacia de qualquer Poder, com respeito às leis, visando ao interesse maior do povo brasileiro, uma alegria de astrônomo: o perigo passou ao largo!...

(*) Foi comandante da região metropolitana de BH

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