Opinião

Ventriloquia

Movimentações pré-eleitorais

Por José Maria Couto Moreira
Publicado em 20 de fevereiro de 2020 | 03:00
 
 
 
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Há um candidato (de si mesmo) ao Planalto que está em périplo ostensivo pelo país tentando solertemente seduzir lideranças nacionais para alcançar seu objetivo, distante e inconsequente, pois estamos no início de um governo que terá longo caminho a percorrer, sujeito mesmo a chuvas e trovoadas. Sim, primeiramente está o governo da República entregue a um militar, sempre intransigente nas boas causas, guarda a santa moral da caserna. É vesânico em cumprir sua trajetória e seus desafios.

O governo é de reconstrução, só o negam aqueles que foram vencidos e os que não lograram permanecer em suas posições, as quais lhes foram docilmente oferecidas, sem compromisso algum, senão o de se aproveitarem delas.

O candidato provém de um Estado poderoso na constelação federativa, descende de abastada família baiana, guarda sua aparência, é quase um dândi (já fez alguma intervenção para mascarar seu 62º aniversário). Movimenta-se muito (principalmente nas vias aéreas), aliás, franquearam-lhe especialíssima operação de crédito oficial para adquirir um aeroplano a jato, tal qual o chefe da White House sugere para os que desejam anunciar competência, vitória e soberba. Tem experiência publicitária, atividade que soube praticar para alçar-se a altos postos executivos. E quer ser fluente, informado e se esforça para sair bem na foto (afinal, é quase um parisiense, seu pai exilou-se em Paris com a família após a cassação).

O candidato receia perder tempo para atingir seu objetivo. Renunciou a seu mandato municipal para conquistar o governo de seu Estado, conquanto houvesse jurado que o cumpriria até o fim. Está impaciente, crê estar faltando à República para dar-lhe melhor destino. Viaja aos Estados ordinariamente, por vezes criando motivos para a visitação. Já esteve em Minas (também em encontros privados), lembrando aqui o sucesso da política do café com leite. Ao Rio também tem ido, na tentativa de atrair o governador para suas hostes. Ele sabe que em Minas não haverá aspirante à curul que persegue, como no Rio, também, o governador não a tentará. E ele não cinge seu ir e vir apenas ao Brasil, mas se faz convidado em foros internacionais, reverberando para cá seus contatos com o mundo de negócios.

De resto, a crônica jornalística, quando do embate Collor x Lula, registrou que o candidato, iniciado na vida pública por Covas, também presente na disputa, vestiu a camisa do candidato vitorioso.

Por fim, chegou a provocações ao governo federal, e assim antecipa-se como candidato de oposição.

Por isso confia em fracassos do candidato natural, torcendo para que nada dê certo. Aí já será traição.

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