Cadu Doné

O Cruzeiro pode acabar

O principal elemento que pode salvar o Cruzeiro da derrocada derradeira é a torcida.

Por Cadu Doné
Publicado em 27 de setembro de 2021 | 03:01
 
 
 
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Itair acabou com o Ipatinga. De certa forma, acabou com o Cruzeiro. Pela incapacidade, e outros defeitos piores, não havia dúvida de que poderia fazer o mesmo na Toca. A única ressalva era que, a despeito desses traços, o Cruzeiro é tão grande que as bobagens deste inclassificável personagem não seriam suficientes para terminar com a agremiação. Uma torcida tão monstruosa, apaixonada; o clube vencedor e tradicional arrefeceriam o ímpeto anti-intelectual (e outras coisas) de Itair; o desconhecimento máximo de Wagner, com os holofotes da imprensa, e a fiscalização de milhões de torcedores, esbarraria em limites. A esmagadora maioria da mídia aqui dormiu. Avisos meus, de Mauro Cezar Pereira, Juca Kfouri, Tostão, Thiago Nogueira, não foram ouvidos. Para quem buscasse se informar sobre o Cruzeiro, antes da eleição, dava para prever.

Torcida

O principal elemento que pode salvar o Cruzeiro da derrocada derradeira é a torcida. Clubes do tamanho da Raposa que se enrolam além de qualquer racionalidade num mar de lama, se fossem empresas, não durariam um dia a mais. O drama de um quadro repleto de dívidas, porém, às vezes, torna-se incontornável. Mesmo com a revolta, a melancolia completa de mais de oito, nove milhões de torcedores. O Rangers está para a Escócia como nenhum clube está para o nosso país, em função da concentração de forças na terra de Alex Ferguson. Com um passivo bem menor do que o encontrado no Barro Preto, deu no que deu. Pesquisem. “Vocês não são mais o Rangers”.

Falência

Na última semana, houve a divulgação de que o Cruzeiro tem contra a agremiação mais de 200 ações trabalhistas. As pessoas de fora não têm ideia de quantos jogadores e funcionários ainda faltam para acionar os Celestes na seara jurídica. A dívida que já está impagável vai chegar num nível completamente indescritível. O Cruzeiro simplesmente não vai conseguir pagar nem perto do que deveria. A Raposa distribuirá calotes adoidado – como já vem acontecendo há anos. Isso não passa incólume.

Mercenários

Fala-se de jogadores mercenários. No fundo, o Cruzeiro está dando sorte de MUITA gente que poderia ter buscado a justiça “não estar com pressa”. No futebol, os clubes prometem e não cumprem. Peguemos o caso do São Paulo com Daniel Alves. Essas coisas, no mundo à parte da bola, em boa medida, frequentemente passam batido. Mas há um limite. Tem hora que não tem jeito. O Cruzeiro prometeu muita coisa para muita gente. Se não cumpriu nada, a culpa não é de quem cobra. Instituição caloteira, fecha.

Acordos

Os clubes de futebol se apoiam, em larga medida, em acordos que usualmente fazem com jogadores ricos que aceitam receber menos do que deveriam. Se tudo fosse levado ao pé da letra, como em outros ramos, atletas como Dedé, Thiago Neves, Fred, Rodriguinho, se quisessem, pegavam a Toca para eles. Por mais que estas pessoas aceitem abrir mão de muita coisa, que o clube conte com uma benevolência notável destes milionários, também chega uma hora que não tem jeito.

Quarta divisão

O que pode acontecer com o Cruzeiro, com a incapacidade de acertar minimamente seus débitos, é recomeçar nas últimas divisões.  

Mudar de nome

Consequência da falência: mudança da razão social. Cruzeiro Esporte Clube mudando para Cruzeiro Futebol Clube, algo assim.

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