Dê um álbum de figurinha para o seu filho e veja despertar nele a curiosidade pelo mundo, não só pela Copa. João, meu pequeno de três anos, encantou-se com as figurinhas, mas também com os rostos diferentes e com as histórias que conto a ele a cada novo jogador, seleção e imagem que abrimos juntos.
João aprende que o mundo é grande, mas não é único. Há várias identidades, formas, cores e grupos que merecem ter suas histórias contadas e respeitadas. Esse é o grande atrativo da Copa do Mundo. É um caldeirão de identidades, que mostra que é possível se entender em uma linguagem única: o futebol.
A primeira figurinha que ele tirou foi simbólica: Mohamed Salah. O atacante egípcio talvez seja hoje um dos principais elos entre dois mundos que ainda buscam se entender. Craque do Liverpool, ele é a esperança de uma seleção muçulmana chegar longe neste Mundial. Não duvido.
Depois de uns três pacotinhos abertos, João se encontrou com a história. Ele tirou Pelé. Falei com ele: “filho, você tirou o Pelé!”. Ele deu um grito, daqueles de criança de três anos, e saltou: “é da seleção brasileira”. Nunca ensinei isso a ele. O pequeno já fala de futebol por aí e não estou sabendo. O mundo aos poucos começa a ensiná-lo.
Assim como você consegue notar que uma criança já identifica as suas influências e dá localização a elas. Ao ver um grupo de quatro figurinhas do Japão, João solta: “é o país do Pororó”. Assim como quando vê Iniesta e a camisa vermelha da Espanha. “Espanha? É o país da Elana, de Avalor”.
“E cadê o país da Minnie?”, questionou. Expliquei a ele que, nesse Mundial, os Estados Unidos não se classificaram. Caíram para a seleção do Panamá, nome que conheceu apenas com o álbum de figurinhas. Assim como Marrocos, Islândia, Senegal e tantos outros países que ainda não habitam o seu mundo.
O futebol e a Copa do Mundo trazem justamente essa dança pelo planeta, que hoje pode ser feita de outras formas, mas que, com o futebol e as figurinhas, ficam muito mais interessante e lúdico. Fora outros aprendizados que virão a seguir enquanto durar essa agradável brincadeira e ir completando aos poucos os álbum da Copa do Mundo.
Há poucas coisas mais didáticas do que a troca de figurinha. Momento de desapego daquilo que te sobra e de troca para o que te falta. Uma metáfora que precisa ser mais colocada em prática neste mundo atual.
A sensação também de alcançar objetivos ao longo da missão. O prazer de completar a primeira seleção do álbum. Depois fechar um grupo. E completar o álbum todo. Tudo com ajuda do outro, com trocas de figurinhas e também participando de jogos, como o saudoso “bafo” com os amigos.
De agora até julho, entramos em um momento que todo amante de futebol e dos álbuns de figurinha adoram e tanto esperam. É o momento de ir à praça e unir crianças e velhos amantes da bola atrás do Messi, do Cristiano Ronaldo, do Olsen ou daquele desconhecido jogador da seleção do Irã.
Deixe que seu filho também viva essa sensação de troca e de descoberta. Dê um álbum de figurinha para o seu filho.