Dra. meira Souza

Gratidão e gentileza

Pequenas vitórias nos levam a grandes lugares


Publicado em 08 de janeiro de 2022 | 03:00
 
 
 
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Primeiras impressões são extremamente importantes. Em nenhum segundo me permito esquecer disso.

Quando recebo um paciente pela primeira vez, ele me avalia meticulosamente. Raramente existe leveza neste primeiro encontro.
Existe uma imensa diversidade dentro dos problemas que encontro, e curiosamente são os considerados mais “leves” que me trazem mais dificuldade durante o tratamento.

No meio médico existe um dizer: prefiro tratar um problema difícil em um paciente fácil do que um problema fácil em um paciente difícil.
Mas o que diferencia um paciente fácil de um difícil? 

Inicialmente, preciso explicar que a clínica de dor é comumente um local que recebe encaminhamentos de várias outras especialidades. Diversas vezes eu sou considerada “o fim da linha”, a última alternativa possível de cuidado. 

Ou seja, não há mais como encaminhá-lo para outro profissional. 
<CW6>Pacientes fáceis são maiores que a própria doença, são aqueles que clamam pela melhora e que mal podem esperar pelas dezenas de experiências que viverão assim que se curarem. 

No geral, eles comemoram cada pequena vitória, mesmo que ainda não esteja 100% sem dor, cada passo da melhora é recebido com um sorriso.
Eles são o contrário dos pacientes difíceis, que, no geral, se “apegaram” ao status de doente, que não veem saída além de esperar para morrer. Que não se esforçam para identificar melhora ou que não veem um mundo cheio de cores esperando-os por trás dos problemas.

Também na categoria dos pacientes difíceis estão aqueles que foram muito negligenciados durante a vida e agora, no estado de doença, recebem constante atenção familiar. São pessoas que, muitas vezes, apesar de sofridas, inconscientemente sabem que serão abandonadas com a melhora. Por isso se apegam à doença para continuarem a receber carinho e cuidado.

É impossível não me sensibilizar com cada uma das situações, no entanto, seria mentira dizer que não prefiro cuidar de pacientes gratos e que saboreiam cada nível de melhora como se fosse a melhor iguaria do mundo.

Por isso, neste início de ano, os convido a refletir sobre suas vidas e a pensar verdadeiramente sobre aquilo que são gratos ou não e sobre aquilo que precisam ser. 

Pessoas, relacionamentos e até mesmo saúde não possuem garantias. É necessário fazer a manutenção constante destes bens. 

Perceba se você está construindo uma vida pela qual é grato. Caso não esteja, o que é possível fazer para mudá-la?

Passos práticos, diários e realistas são extremamente necessários para a construção da realidade que queremos. 

Seja gentil consigo mesmo e comemore as pequenas vitórias, são elas que nos levam a grandes lugares.

A todos, um feliz, próspero e saudável ano novo. 

 

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