A pane no trânsito de Belo Horizonte às vésperas do Natal é resultado da falta de planejamento aliada a problemas estruturais. O aumento do fluxo de veículos, típico nessa época do ano, é potencializado pela falência do transporte coletivo e pelo crescimento da frota particular, impulsionado pela popularização do transporte por aplicativos.

Diante desse cenário, o ideal seria que a administração pública pelo menos se antecipasse na adoção de estratégias para minimizar os transtornos. É possível prever, por exemplo, a demanda por transporte em direção à rodoviária da capital e direcionar ações para melhorar o fluxo nos arredores do terminal.

O caos registrado ontem nas ruas do hipercentro é a expressão máxima da mobilidade que se agrava a cada ano na capital. A imagem de passageiros descendo dos ônibus e completando o percurso até o centro a pé simboliza a falência do sistema. Uma questão que não será resolvida com soluções paliativas, mas com mudanças profundas na infraestrutura da cidade.

O Move, por exemplo, que completou dez anos de funcionamento, melhorou a integração do transporte por ônibus. Mas o sistema ainda carece de aprimoramentos previstos no próprio projeto original, como o corredor Amazonas/Via do Minério/Tereza Cristina.

A malha cicloviária segue praticamente estagnada, sem integrar as bicicletas ao sistema de mobilidade. O total de ciclofaixas em Belo Horizonte é quatro vezes menor do que o ideal, segundo dados da própria prefeitura que constam no Plano de Ações de Mobilidade por Bicicletas (Planbici).

O desenvolvimento de modais alternativos esbarra em uma mentalidade tanto do poder público quanto da população, que privilegiam os automóveis. Esse é um desafio moderno que precisa ser enfrentado pelas grandes cidades.

A atual situação do trânsito na capital exige investimento pesado nos moldes da expansão do metrô (recém-iniciada) e da construção de um Rodoanel. É preciso ousadia e vontade política para implementar projetos de longo prazo.