As férias escolares são o momento propício para o descanso, mas também abrem espaço para reflexão sobre a educação de maneira mais profunda. Dados divulgados pelo Ministério da Educação na última sexta-feira contribuem para as análises, e a notícia não é boa: o Brasil não atingiu a meta de crianças alfabetizadas até o segundo ano do ensino fundamental.

O país registrou 59,2% de crianças alfabetizadas até essa fase do ensino, e o objetivo era chegar a pelo menos 60%, segundo o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada. O ministério atribuiu os números à queda da pontuação do Rio Grande do Sul em razão das fortes chuvas de 2024, que interferiram na média geral.

De qualquer forma, os dados são preocupantes e demandam um plano nacional único de alfabetização para reduzir os danos na vida dessas crianças. Projetos comunitários, como bibliotecas móveis e cursos de alfabetização em áreas rurais e urbanas marginalizadas, também desempenham um papel vital na promoção da inclusão educacional.

Para os que não sabem ler nem escrever, as consequências são profundas e multifacetadas. Eles enfrentam dificuldades de encontrar emprego, são mais propensos a viver na pobreza e têm menos chances de participar plenamente da vida cívica e democrática. Além disso, são mais vulneráveis a serem explorados e enganados, perpetuando assim o ciclo de marginalização. Os alfabetizados ganham 3,94 vezes o salário de alguém que se autodeclara analfabeto, segundo a Pnad do IBGE.

Em um nível macroeconômico, o atraso na educação básica coloca o Brasil abaixo de outros países. Segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2018, quase metade das pessoas com idades entre 25 e 64 anos não havia concluído o ensino médio (47%), mais que o dobro da média mundial, que é de 22%.

A qualificação e a valorização dos professores estão no topo das prioridades para que o país recupere milhões de crianças que estão tendo o direito constitucional a uma educação de qualidade negado.