O ano letivo de 2025 começará com os celulares dos estudantes nas mochilas. A sanção da lei que proíbe os aparelhos em sala de aula da educação infantil ao ensino médio é cercada de expectativa e esperança por educadores e pais – em especial, em relação aos resultados no aprendizado.

O Brasil possuía 258 milhões de smartphones em meados de 2024, mais que um por habitante. Uma pesquisa do IBGE apontava que 54,8% das crianças em 10 e 13 anos tinham o seu próprio aparelho. E o acesso à tecnologia se dá cada vez mais cedo. Segundo pesquisa da Opinion Box, 7% das crianças de 0 a 3 anos possuem celulares – ou seja, bebês e meninos e meninas não alfabetizados.

Estudos científicos apontam riscos para visão, lesões cervicais, perdas de atenção e capacidade cognitiva e redução da sociabilidade com o uso prolongado de telas. E, praticamente oito em cada dez (79%) crianças de 0 a 12 anos no Brasil passam quatro horas diárias usando smartphones 

O Brasil não está sozinho em relação a transformar essa preocupação em lei. A Unesco estima que 25% dos países possuem proibições de acesso de crianças e adolescentes aos celulares. No fim de novembro do ano passado, a Austrália foi ainda mais longe e vetou o acesso de menores de 16 anos a redes sociais, com multas que chegam a R$ 190 milhões para as BigTechs que deixem brechas que possibilitem contornar a proibição.

No aspecto prático, professores relatam a perda de tempo de aula tentando fazer com que alunos guardem os aparelhos. Desperdício de tempo precioso. Um estudo da London School of Economics, de 2015, a proibição dos aparelhos nas escolas tem o mesmo impacto que uma hora de estudo a mais por semana para os alunos.

Recolher celulares não é uma política de educação, muito menos trará resultados se não for acompanhado de investimentos em formação de professores, estrutura e acesso a material didático. Mas, sem dúvida, já é um começo para ajudar o Brasil a sair da incômoda posição de figurar entre os 20 piores resultados em matemática e ciências nas provas do Pisa.