Com os recentes subsídios do poder público às concessionárias, aumentou a pressão de movimentos sociais que defendem até tarifa zero para toda a população de Belo Horizonte.
Existem casos ao redor do mundo que indicam a possibilidade de uma política de transporte coletivo gratuito. São cerca de 150 cidades que adotam o modelo em todo o planeta.
No Brasil, o maior município com tarifa zero é Maricá, no Rio de Janeiro, com 160 mil habitantes. Em Minas Gerais, cerca de 13 cidades têm transporte coletivo gratuito, todas com menos de 100 mil habitantes, com exceção de Ibirité. O município da região metropolitana tem mais de 150 mil habitantes e foi o mais recente a adotar a gratuidade integral.
A tarifa zero é o objetivo de um projeto de lei apresentado ontem na Câmara Municipal pela vereadora Iza Lourença (PSOL). A ideia é que empresas com mais de nove funcionários substituam o pagamento de vale-transporte por uma contribuição direta à prefeitura, que seria usada para financiar o sistema.
Os impactos dessa proposta agora devem começar a ser esclarecidos. Os defensores da ideia têm a tarefa de sensibilizar sociedade civil, empresários e gestores públicos.
A tendência é que a gratuidade atraia um número maior de usuários para um sistema que não suporta a demanda atual. Isso obrigaria a adaptação da frota de ônibus e a reorganização do fluxo de veículos na capital.
Mesmo com uma das tarifas mais caras entre as capitais do país e com injeção de recursos públicos, o transporte por ônibus em Belo Horizonte agoniza. São recorrentes as reclamações sobre o descumprimento do quadro de horários e a má estrutura dos veículos.
A solução para a mobilidade urbana de Belo Horizonte virá de uma construção coletiva com os vários setores da sociedade. De acordo com a American Public Transportation Association, cada dólar investido em transporte coletivo resulta em cerca de quatro dólares de retorno econômico. Prova de que todos têm a ganhar com a qualidade do serviço.