A postura do governo brasileiro diante das medidas comerciais de Donald Trump deve ser pragmática, sem impulsos ideológicos, para minimizar os efeitos da nova política norte-americana. A taxação tem potencial de impactar significativamente o Brasil e, especialmente, Minas Gerais.

No ano passado, o Brasil foi o segundo maior exportador de aço e ferro ao mercado norte-americano, representando 14% das importações dos EUA. Qualquer ação que soe como retaliação por parte do Brasil serviria apenas para potencializar os prejuízos de uma guerra comercial.

Desde o anúncio do tarifaço na quarta-feira, o que se vê é a exploração política da medida, o que é esperado se considerada a proximidade com o ano eleitoral e o teor da própria carta em que Trump explicita as razoes para o tarifaço.

O presidente Lula (PT) declarou que “Se ele cobrar 50% da gente, a gente vai cobrar 50% dele”. O governo federal deve se concentrar em abrir janelas diplomáticas e evitar que a bravataria ideológica contamine a questão comercial.

A reciprocidade econômica é um dispositivo legal do qual o governo pode lançar mão, mas não seria a medida mais sensata do ponto de vista prático. A lei aprovada recentemente, em abril deste ano, estabelece critérios para respostas a políticas que “impactem negativamente a competitividade internacional brasileira”.

O Brasil tem a seu favor um prazo de 20 dias para que o reajuste tarifário entre em vigor. Neste período, enquanto as proporções das medidas de Trump vão sendo calculadas, é fundamental ampliar parcerias comerciais com outros mercados para mitigar os danos da medida trumpista.

A China e União Europeia podem ser alternativas para escoar parte da produção. No campo interno, políticas de incentivo à indústria podem mitigar os impactos do aumento das tarifas. 
Assim como nas tentativas de reajuste tarifário durante o primeiro mandato de Trump, agora, o Brasil deve seguir a tradição diplomática baseada no pragmatismo e na neutralidade.