O pedido de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro é mais uma etapa do processo que pode culminar com o quarto ex-presidente da República preso desde a redemocratização.

A eventual condenação de Bolsonaro seria mais um capítulo turbulento da história nacional, recentemente marcada por excesso de judicialização e conflito entre Poderes.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta o ex-presidente e outros sete aliados por cinco crimes no inquérito do golpe. Bolsonaro nega ter tentado recorrer a dispositivos inconstitucionais para se manter no poder e define o processo como “político”.

O próximo passo do rito processual é a apresentação da defesa do delator, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, e dos demais réus. Em seguida, o relator do processo, o ministro Alexandre de Moraes, apresentará seu voto aos outros quatro ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

As repercussões político-eleitorais do processo são inevitáveis e se intensificariam com a prisão do líder político com mais influência no espectro da direita na atualidade. Ainda que Bolsonaro já esteja inelegível até 2030 em razão da condenação por abuso de poder político, a prisão adicionaria um fator simbólico fortíssimo às articulações eleitorais para 2026 e ao cenário político nacional como um todo.

Neste contexto, o papel das instituições da República se torna ainda mais relevante, na garantia tanto do devido processo legal quanto da normalidade democrática.

Independentemente do resultado do julgamento, ainda a ser marcado, a tendência é que seu desfecho ocorra às portas de um ano eleitoral que tende a ser mais uma vez polarizado ideologicamente.

Este é mais um período de desgaste político e econômico da nossa República. É preciso que o Brasil, como nação, seja capaz de atravessar este momento com senso de justiça e compromisso com a Constituição.