Enquanto o economista Paulo Guedes falava, tomando posse do superministério da Economia, o dólar caiu e a Bolsa subiu, numa indicação da boa expectativa que o mercado alimenta a respeito do novo governo brasileiro.

Falando de improviso, durante cerca de 40 minutos, o ministro deu uma aula sobre o que é preciso fazer para “consertar” a economia brasileira, injetando otimismo no auditório e em quantos assistiram aos noticiários.

No centro, a Previdência Social, apontada por ele como fator de desigualdade social, cuja reforma será indispensável para fazer o país voltar a crescer. Qual reforma?, não se sabe, tantas são as marchas e contramarchas.

Todo início de governo chacoalha qualquer país; este, no Brasil, mais ainda, ao estabelecer o ritmo em que vai agir, equilibrando-se entre um conservadorismo nos costumes e um liberalismo na economia.

A experiência é nova. Os primeiros dias já deixam ver a complexidade do cenário, com gestos liberais misturados com atos obtusos. Situação e oposição se mostram incomodados, mas sentem que vão sobreviver.

Aos poucos, a desconfiança irá se dissipando. Verifica-se quanto foram positivos para o Brasil esses 30 anos de democracia. O governo negocia. Técnicos e políticos que serviram ao governo passado foram mantidos.

Ministros se encarregam de desmanchar a má impressão deixada no dia da posse quanto à imprensa. Um deles chegou a declarar que prefere uma imprensa com erros, mas livre, do que uma imprensa sob censura.

A social-democracia perdeu o bonde da história, não fazendo as mudanças que a sociedade pedia. Esta, aqui e em outras partes do mundo, colocou no poder outros atores, exercendo a faculdade de alterná-los.

O bastão agora está nas mãos de outros representantes da sociedade. Desde que cumpram as regras, têm o direito de fazer todas as experiências. Quem sabe vão conseguir encontrar o caminho do sucesso?