Com poucos meses de governo, Bolsonaro já enfrenta as ruas

Ação e reação

A história se repete. O presidente Bolsonaro deveria saber que a maior reação contra os governos militares partiu das universidades.


Publicado em 15 de maio de 2019 | 18:44
 
 
 
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A história se repete. O presidente Bolsonaro deveria saber que a maior reação contra os governos militares partiu das universidades. E que, sendo assim, seria preciso muita habilidade política para lidar com elas, diante da crise econômica que o país atravessa.

No entanto, seu novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, resolveu pisar justamente nesse “terreno minado”, ao classificar como “balbúrdia” o clima acadêmico em três universidades, logo penalizadas com corte de verbas, depois tornado generalizado.

Os protestos levaram o governo a tentar se explicar, alegando que 30% das verbas não obrigatórias representavam 3,4% do montante geral dos gastos das universidades. O assunto chegou à Câmara, e o ministro foi convocado a dar explicações aos deputados.

Ontem, ao mesmo tempo em que, em todo o país, ocorriam protestos contra os cortes na educação, Weintraub foi sabatinado na Câmara, em sessão tumultuada, como seria de se esperar. Dos Estados Unidos, o presidente da República atiçou os manifestantes.

Chamou-os de “idiotas úteis” e “massa de manobra de uma minoria espertalhona” nas universidades. Sem necessidade, já que o ministro manifestara, antes, o preconceito ideológico do governo com o segmento, que nem ele, nem o presidente deveriam subestimar.

Trata-se de um espaço onde estão as cabeças pensantes mais esclarecidas da sociedade – a elite intelectual de que o país precisa inclusive para realizar, sem hostilidade, a mudança da ênfase do investimento público no ensino superior para a educação básica.

O ministro tentou explicar que a crise de recursos atual foi provocada por governos passados e que ele não é responsável nem pela necessidade do contingenciamento, nem pelo “desastre da educação básica”. Porém, não é hora de buscar culpados, e sim soluções.

Com poucos meses de governo, Bolsonaro já enfrenta as ruas.

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