Abrir a “caixa-preta da BHTrans” era uma promessa de campanha do prefeito. E, de fato, ele o fez antes de findar o ano. O resultado, porém, não foi o esperado por ninguém, nem mesmo pelas concessionárias do transporte coletivo.

A auditoria trouxe uma revelação surpreendente: as passagens de ônibus deveriam custar R$ 6,35 – um valor acima das expectativas. Foi aí que o prefeito fez uma proposta de R$ 4,50, não aceita de imediato pelas empresas.

Nessa quarta-feira (26), esse valor foi sacramentado. Depois de apenas três reuniões em uma semana entre a prefeitura e o sindicato das empresas, que alega um prejuízo mensal de R$ 20 milhões, ficou acertado que o aumento vai valer a partir do próximo dia 30. Desde dezembro de 2016 não havia reajuste.

Subirão os preços de todas as passagens, inclusive os das linhas que servem vilas e favelas, dos circulares e dos táxis-lotação. Quase tudo como os empresário queriam.

Em contrapartida, como combinado com a prefeitura, eles vão contratar 500 novos cobradores e aumentar a frota com 300 ônibus com ar-condicionado. Além disso, será criado um grupo de trabalho para fazer 50 km de pistas exclusivas para ônibus – uma necessidade para se diminuírem os constantes congestionamentos.

O desenlace da pendência parece agradável muito mais aos empresários do que à população, que vai ter que pagar um reajuste de 11% sem efetivamente poder usufruir de um transporte coletivo de mais qualidade.

A dúvida principal que persiste é se o preço das passagens de ônibus em Belo Horizonte é justo. Ainda mais quando outro estudo, como o do Movimento Tarifa Zero, realizado por profissionais da área, aponta que a tarifa deveria ser de R$ 3,45.

O certo é que a população não confia completamente na empresa responsável pela gestão do setor. Os usuários querem transporte bom e barato, e as empresas querem lucro. Conciliar os interesses entre as partes é uma tarefa espinhosa.

Esse é um conflito de interesses sem perspectivas de resolução simples. Toda a gestão do transporte deveria ficar mais transparente.