Editorial

Alertas das águas para todo o Sudeste

Estragos das chuvas, mudanças climáticas e desmatamento

Por Editorial O TEMPO
Publicado em 03 de dezembro de 2022 | 05:00
 
 
 
normal

Inundações históricas em Santa Catarina, deslizamento de terra extremo em rodovia de Guaratuba, no Paraná, cheias tirando de casa mais de 2 mil pessoas no Espírito Santo. Em Minas Gerais, mais de 40 cidades em estado de emergência e cerca de 60 trechos de rodovias com interdição por causa das chuvas. As regiões Sul e Sudeste sentem duramente os efeitos da mudança climáticas, tornando cada vez mais frequentes e destruidores as tempestades.

Um estudo da Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgado nesta semana aponta que o aquecimento global – hoje estimado em 1,1ºC acima dos níveis pré-revolução industrial – modificaram radicalmente os padrões de chuvas no planeta. De acordo com a agência de águas das Nações Unidas (UNWater), entre 2011 e 2018, 75% dos desastres naturais em todo o mundo estiveram ligados com a água. E, sem consenso sobre o controle das emissões de gases poluentes, a perspectiva é de agravamento da situação já no curto prazo.

Dezembro, em geral, é um período de pancadas de chuvas, mas, o calor excessivo e a circulação irregular dos ventos acabam provocando tempestades cada vez mais intensas, concentradas em curtos espaços de tempo, atingindo solos instáveis devido à perda da cobertura vegetal e às construções muitas vezes irregulares.

A Mata Atlântica, principal bioma das regiões Sul e Sudeste, hoje tem pouco mais de 12% de sua cobertura original. Somente no período entre 2020 e 2021, o desmatamento cresceu 66%, com a supressão de mais de 216 mil metros quadrados de vegetação, de acordo com levantamentos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). É uma perda que afeta tanto a estabilidade do solo quando as trocas gasosas que regulam o aquecimento da atmosfera.

Os efeitos dramáticos das chuvas, que só em Minas tiraram de casa, provisória ou permanentemente, mais de 4 mil pessoas, tornam impossível negligenciar essa situação. O tempo para as medidas de prevenção está perigosamente curto, e adiá-las terá um custo cada vez maior em vidas humanas.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!