Atenção à China

Um ano após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, que gerou perdas no Produto Interno Bruto e no desempenho industrial nacionais, a mineração aposta no crescimento e fala em US$ 32 milhões em investimentos nos próximos quatro anos no Brasil. Uma notícia promissora para Minas Gerais, Estado em que um terço das receitas de exportação vem do ferro.

Mas a epidemia do coronavírus na China traz um componente de cautela ao otimismo.

O país asiático, maior produtor mundial de aço e um dos maiores compradores de minério de ferro do planeta, vem sofrendo frequentes interrupções de sua cadeia produtiva devido ao avanço da doença – em especial em Wuhan, epicentro do surto e um dos principais polos automotivos chinês.

Com a menor demanda por aço, os desembarques de minério de ferro encolheram. A média diária em fevereiro está em 2,35 milhões de toneladas, contra 3,09 milhões em dezembro – antes de o número de casos de coronavírus explodir.

Dados do Ministério da Indústria apontam que as exportações brasileiras de minério para o país asiático encolheram 19,79% em 12 meses.

Com isso, há mais produto disponível no mercado, e, como preconizam as leis econômicas, o preço cai. Somente neste ano, já houve uma retração de 70%, e o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) projeta um preço médio de US$ 70 a tonelada, ante o valor de US$ 93 em 2019.

A favor do Brasil, contam a recente disparada do dólar, que possibilita compensar a desvalorização do minério com ganhos cambiais, a retomada da produção nacional, passado um ano da tragédia de Brumadinho, e o combate efetivo ao surto de coronavírus – esperanças de retomada da geração de divisas e de emprego em um setor vital para a economia mineira.