Enquanto a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) realizava mais uma audiência sobre a concessão da BR–381, a rodovia foi palco de um acidente envolvendo vários veículos e vítimas feridas, ontem, em Sabará. A simultaneidade desses fatos simboliza a morosidade histórica do poder público em resolver o problema da rodovia, ao mesmo tempo em que a estrada ceifa vidas e causa prejuízo ao Estado. 

Os cerca de 670 km que ligam Belo Horizonte a Governador Valadares são um dos trechos mais perigosos do país. Nos anos 1990, surgiram os primeiros projetos de melhorias, com o Programa Estadual de Concessão de Rodovias do Estado. O governo federal também vem apresentando soluções, mas pouca coisa se concretiza. 

As dificuldades de atrair o setor privado por meio de concessões vão se acumulando ao longo do tempo. Nos últimos dois anos, por exemplo, a crise financeira impulsionada pela pandemia elevou os custos da construção civil. Outro fator que preocupa possíveis investidores são as chuvas, como as que atingiram o Estado no início deste ano, provocando deslizamentos na via.

Com a deterioração do traçado a cada ano, as intervenções se tornam mais urgentes. Em 2021, foram 162 vidas perdidas na BR–381, de acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT). Também existem perdas do ponto de vista econômico, com lentidão na viagem e aumento do custo de frete e mão de obra. Por isso, além de garantir um traçado que preserve vidas, é preciso pensar em um modelo de concessão que não penalize demais com um preço de frete injusto. 

Ouvir os principais interessados – usuários da via, empresas do setor de transporte e comunidade em geral – será fundamental para se chegar a uma solução e colocá-la em prática com a celeridade necessária.