Ao longo do fim de semana prolongado, não faltaram notícias de festas e celebrações dentro das casas, desafiando as recomendações de isolamento contra o coronavírus. Foi um comportamento que se repetiu tanto na periferia quanto em bairros de luxo, sem distinguir nível de renda ou escolaridade dos participantes.
A realização dessas confraternizações é uma atitude de alto risco diante do cenário atual de 90 mil casos suspeitos de Covid-19 em Minas. E os números ainda devem crescer significativamente, já que o auge da contaminação deve chegar em junho, segundo as projeções da Secretaria de Estado da Saúde.
É preciso reconhecer o cansaço e os impactos psicológicos que se manter em isolamento por mais de 50 dias provoca nas pessoas, mas é ainda mais necessário reconhecer que o perigo está longe de ser descartado, já que, sem uma vacina, não há outra medida além da prevenção para conter o avanço da pandemia.
Mesmo um encontro familiar não é tão seguro quanto se possa pensar. A Universidade de Bonn, na Alemanha, comprovou que um quinto dos portadores do coronavírus não apresenta sintomas. E vale lembrar que o Brasil é o país com a mais alta taxa de contágio no mundo, conforme revelou o estudo do Imperial College de Londres na semana passada. Aqui, cada infectado transmite o vírus para três pessoas, em média – índice superior ao dos europeus, que somente agora estão começando a relaxar o controle.
Por mais paradoxal que pareça, no momento, a maior demonstração de carinho e afeto com o outro é agir com responsabilidade, preservar o distanciamento social e evitar aglomerações e reuniões – ainda que familiares. E, aí sim, no futuro, todos poderão celebrar, enfim juntos, a preservação da vida.