Quase cinco meses após o crime, pouco se sabe sobre quem matou e quem mandou matar a vereadora Marielle Franco e seu motorista, no Rio de Janeiro. Apesar de ter conseguido arrolar vários suspeitos, alguns deles presos, o delegado da Polícia Civil encarregado das investigações pouco fala sobre o caso.
Na semana passada, o ministro Raul Jungmann, da Segurança Pública, declarou que acredita que o crime será solucionado até o fim do ano. Para ele, agentes do Estado e políticos estão implicados, cabendo à polícia desvendar uma intricada teia de relações que têm a ver com o crime organizado no país.
Embora não se tenha ainda conseguido determinar o móvel do crime – a vereadora se empenhava na defesa dos direitos humanos, em causas LGBT e reivindicações de moradores de favelas –, não restam dúvidas de que os assassinatos foram cometidos por profissionais, que agiram por encomenda.
Depois da morte da vereadora, pelo menos dois outros assassinatos ocorreram envolvendo pessoas que poderiam ter alguma relação com o crime. Seriam “queimas de arquivo” de indivíduos que poderiam delatar os autores ou mandantes dos assassinatos, aumentando as possibilidades de punição.
Os investigadores não chegarão aos criminosos a não ser com o uso de inteligência. Pelo que parece, estão chegando perto, através da escuta telefônica de aparelhos celulares capturados com alguns suspeitos. As conversas estão revelando a extensão das relações criminosas.
Por ação ou omissão da sociedade, o país construiu uma subestrutura para a prática de todo tipo de crimes. Como isso foi possível? A sociedade não pode continuar refém de criminosos. Como um câncer, a criminalidade no Brasil se estende pelo tecido social, buscando nele os meios de se alimentar e sobreviver.
Outras sociedades enfrentaram o mesmo problema e o neutralizaram. Nós vamos consegui-lo.