“Ele não viu que eu estava com roupa de escola, mãe?”. Essa foi a pergunta feita por Marcos Vinícius, de 14 anos, antes de morrer por um tiro que levou durante operação policial no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, em 2018.

A triste cena ilustra como é complicado o problema da educação no Brasil, algo que não se resume a falhas no ensino do conteúdo, mas passa pela segurança pública, pela nutrição etc. E, agora, somam-se a essa chaga histórica as dificuldades trazidas pelo novo coronavírus.

Como o problema não está restrito à sala de aula, a sua solução também passa por todos os atores da comunidade educacional – incluindo as famílias –, que estão, a esta altura, profundamente abalados pelo isolamento social, pelo desemprego e pela falta de perspectivas.

A solução está longe de ser simples, como é a mera substituição integral do ensino presencial pelo online, apesar de a discussão sobre o homeschooling e as teleaulas ser um legado positivo deixado pela crise atual.

A medida provisória do governo que dispensa as escolas de cumprir os 200 dias letivos – mas mantém a carga horária de 800 horas – é criticada por especialistas. Estes apontam que a estratégia atenderia formalmente a carga horária, mas não garantiria a aprendizagem.

Como explicou a presidente da ONG Todos Pela Educação, Catarina de Almeida Santos, a educação é um grande sistema formado por vários outros menores, dependentes entre si. Sendo assim, o diálogo entre escolas e famílias, por exemplo, deve ser ampliado. 

E o Estado não pode se omitir, muito menos agora, do seu dever de viabilizar educação de qualidade para todos, como forma de dar oportunidade a todos os jovens e, consequentemente, amenizar as desigualdades.