A inflação oficial (IPCA) atingiu o mais alto índice para um mês de maio dos últimos 25 anos. Somados, os gastos com energia elétrica e combustíveis representaram praticamente metade da alta de 0,83% no mês, bem acima das projeções do mercado, e de 3,22% em 2021, colando no centro da meta inflacionária de 3,75% para o ano todo.
As perspectivas futuras não são animadoras.
A crise hídrica indica um crescimento do custo da energia elétrica. De cara, em junho, já está em vigor a bandeira vermelha fase 2 sobre a conta de luz, o que representa R$ 6,24 adicionais a cada 100 kWh para o consumidor. Em maio, quando o IBGE calculou o IPCA, o valor estava em R$ 4,16 a cada 100 kWh.
Com os níveis dos reservatórios em torno de 35% nas regiões Sudeste e Centro-Oeste – em Minas Gerais, a melhor situação é a de Três Marias, que está com pouco mais de 60% de seu volume total –, mais usinas térmicas a gás natural serão acionadas para evitar o racionamento. Além disso, o Ministério das Minas e Energia abriu caminho, na semana passada, para a compra eventual de energia de termoelétricas movidas a óleo combustível.
Tal mudança representa um aumento da despesa. A consultoria Volt Robotics, ouvida pelo jornal “Valor Econômico”, calcula que o acionamento das térmicas representa um aumento de custo de R$ 100 para R$ 250 por MWh produzido. Com fontes mais caras, como as usinas de combustível fóssil, pode chegar a R$ 600.
A disparada do IPCA põe em risco a recuperação da indústria nacional, não apenas com a carga sobre o custo de produção, mas também com novos aumentos das taxas de juros, receituário do BC para conter a inflação, performando um ciclo danoso e lesivo para o futuro do país.